Carlos Papacinza tem 35 anos e é atleta do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira. Militar, começou a correr há 20 anos e é dono de um bonito curriculum, com muitas vitórias e subidas ao pódio.
Carlos Papacinza tem 35 anos e nasceu no Alvito. Militar de carreira, iniciou-se no mundo das corridas há cerca de 20 anos. “Iniciei a atividade de corrida em 2004 por indicação do meu treinador nessa altura”.
Representa atualmente o Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira e treina todos os dias, desde setembro a julho e habitualmente sozinho. “Só de vez em quando, consigo ter alguém para fazer o trabalho específico”.
Sem treinador, elabora o seu plano de treinos
Apesar dos excelentes resultados que vem obtendo, Papacinza não tem treinador há já alguns anos. “Acabei por adotar o planeamento de treinos que tinha anteriormente e com o passar do tempo, fui ajustando o mesmo à minha condição física e aos objetivos que vou definindo”.
“Só consigo ter qualidade/rendimento quando tenho alguns períodos de férias ou ‘estágio’ profissional”
Muitas trocas de serviço ou folgas no trabalho
Como militar, não tem sido fácil a Papacinza conciliar a sua atividade com as corridas. Diz-nos mesmo que “Não é nada fácil, este é o ponto mais difícil da minha vida desportiva. Só consigo ter qualidade/rendimento quando tenho alguns períodos de férias ou ‘estágio’ profissional”.
A solução tem passado pelas muitas trocas de serviço ou troca de folgas para poder competir ou até mesmo treinar quando o treino o justifica.
Estreia no Alvito
Papacinza estreou-se a correr na sua terra natal. “Gostei, desde aí tenho tentado passar pelas mais mediáticas que são as que mais me despertam, até porque adoro ‘rolar’ na estrada.
Corre cerca de 20 provas por época. Mas reconhece que este ano é um ano atípico devido aos objetivos que definiu inicialmente. Assim em 2024, correrá um número bem superior ao habitual.
“Tento sempre cumprir os Campeonatos (Distritais, Regionais e Nacionais) que são à volta de 12 provas e pelo meio, meto algumas competições populares que acabam por ser competições secundárias”.
“Gosto de me sentir combativo em todas as frentes”
Preferência pela estrada
Papcinza prefere correr na estrada mas nos últimos três anos, tem feito um pouco de tudo, passando também pela pista, corta-mato e trail, passando por distâncias curtas como os 800 m até mesmo à maratona.
“Esta opção pela ‘versatilidade competitiva’ requer resiliência, dedicação e disciplina e é o que me atrai desportivamente, gosto de me sentir combativo em todas as frentes”.
A sua distância preferida passa pelos dez quilómetros mas agora, reconhece que já encara as distâncias longas com outros olhos. “É aí que me sinto mais confortável”.
Trail como preparação no início de época
Já correu seis maratonas com a sua estreia a ser em Badajoz. Quanto ao Trail, também já experimentou embora reconheça que não o atrai muito. “Mas até gosto de fazer. Talvez possa utilizar as provas de trail como preparação no início de época, o problema são as lesões que ocorrem com muita frequência ou algumas mazelas que ficam e demoram muito a passar”.
“Sempre evitei excessos e alimentos que não são contribuem para o bem-estar”
Ano de 2024 marcante no rendimento desportivo
Para Papacinza, este ano tem sido o melhor de sempre em termos de resultados e de rendimento. “Este é de facto, o momento que irá marcar a minha vida desportiva”.
Como acontece com boa parte dos atletas, pensa correr enquanto puder. “Talvez até onde o corpo me deixar correr e que não comprometa a minha saúde”.
No mundo das corridas, aprecia particularmente o desempenho desportivo durante a competição, sem esquecer o planeamento de treino no que diz respeito à sua construção.
Rico curriculum desportivo
Carlos Papacinza é atualmente, um dos melhores atletas alentejanos, dono de um bonito curriculum. Vencedor de muitas provas, já subiu ao pódio inúmeras vezes. Conta entre outras, com cinco vitórias na Corrida da Lagoa de Santo André, no Trail Longo de Ficalho (26 km), no Raid Melides-Tróia (2022 e 2023), em Campeonatos Distritais na estrada e corta-mato. Subiu ainda ao pódio como terceiro classificado no último Campeonato Nacional da Maratona que decorreu em janeiro no Funchal.
Exames médicos no início e final da época
Papacinza não dispensa os exames médicos de rotina. “No início do ano, faço sempre e depois, dependentemente do estado físico, mais para o final da época”.
Quanto a projetos futuros, não tem para já, nada definido. Mas gostava de baixar os seus recordes pessoais nalgumas distâncias como os 10.000 metros e a maratona.
Tem os devidos cuidados com a alimentação. “Sempre evitei excessos e alimentos que não contribuem para o bem-estar. Gosto de comer um pouco de tudo mas se tiver um objetivo competitivo importante, retiro mais uma coisa ou outra, mas nada de especial”.
Quanto a lesões, foi visitado em 2013 quando teve uma tendinite na pata de ganso (joelho esquerdo). Mais recentemente em 2022, teve um corte no gémeo esquerdo provocado por um azulejo. Mas conseguiu recuperar a 100% nas duas situações.
“ Neste momento, a nossa juventude não está interessada em praticar desporto quanto mais passar pelo atletismo”
BTT ou Triatlo como modalidades alternativas
Sendo um homem do desporto habituado a treinar e a competir ao ar livre, é com naturalidade que define as modalidades que poderia ter seguido como alternativas ao atletismo. “Com a mesma disponibilidade atual, no BTT talvez, se tivesse mais tempo para treinar seguia no Triatlo, ambas já me são familiares e acho que era por aqui que estaria a competir”.
Cético quando ao futuro da modalidade
Papacinza mostra-se cético quanto ao futuro da modalidade em Portugal. “Não o vejo com ‘bons olhos’ … o nosso atletismo tem perdido atletas, uns por falta de apoio, outros por falta de condições. E neste momento, a nossa juventude não está interessada em praticar desporto quanto mais passar pelo atletismo. Os desportos individuais, como o caso do atletismo, requerem dedicação, disciplina, persistência e muita capacidade de sofrimento e a ‘rapaziada’ não está para isso”.
“Não sou exigente, se houver alguma coisa menos boa, procuro sempre dar o meu contributo construtivo para que na próxima edição, seja melhor!”
Portugal tem boas organizações nas corridas
Quanto a sugestões para uma melhor organização das provas, o nosso entrevistado mostra-se satisfeito com o panorama atual. “Não tenho nenhuma sugestão, atualmente já temos boas organizações a tratar das provas, mas há sempre quem procure por mais e melhor. Não sou exigente, se houver alguma coisa menos boa, procuro sempre dar o meu contributo construtivo para que na próxima edição, seja melhor!”
Um pouco de tudo em 20 anos de competição
E estórias nas corridas? Papacinza não refere uma em concreto mas diz-nos: “Ao longo destes 20 anos de competição, já houve um pouco de tudo, desde os típicos enganos, os atrasos, os esquecimentos até aos verdadeiros ensinamentos, à superação pessoal, à entreajuda e às amizades que se vão criando no mundo da corrida”.