O atletismo tem sido o responsável por lindas histórias de casais que se conhecem nas pistas ou nas estradas. Afinal, a medalha mais bonita que trazem ao peito é o serem felizes como casais.
Em Portugal, são conhecidos vários casais que no atletismo de alta competição atingiram um elevado nível. São exemplos entre outros, de Tadeu de Freitas e Francelina Anacleto, Joaquim Carvalho e Teresinha Vaz, Rui Silva e Susana Cabral, Aurora Cunha e Joaquim Mesquita, Carlos Silva e Sara Fernandes, Sara Moreira e Pedro Ribeiro.
No atletismo popular, é cada vez maior o número de casais a participarem nas provas de estrada e trails. Tal é reflexo da crescente aderência das mulheres à prática da corrida. Já vamos tendo algumas corridas em que elas são quase tantos como eles (e às vezes, até a suplantarem).
Fizemos um pequeno inquérito a 11 casais, com idades compreendidas entre os 25 e os 62 anos. Procurámos saber como é correrem os dois, se treinam e correm juntos, com conciliam a sua vida profissional e familiar com as provas.
Assim e após as respostas enviadas, ficámos a saber que alguns se conheceram nas corridas e que a maioria procura treinar juntos (7). Mas nas provas, só um casal tem por hábito correr sempre junto. Quatro deles fazem a sua prova, separados e seis, às vezes juntos.
Todos conseguem conciliar a vida familiar e profissional com a modalidade, ainda que em muitos casos, tal não seja fácil.
INQUÉRITO
1 – Idade
2 – Profissão
3 – Corre há quantos anos?
4 – Que tipo de provas prefere, estrada ou montanha/trails
5 – Já eram casados/companheiros quando começaram a correr?
6 – Quem começou primeiro?
7 – Costumam treinar juntos?
8 – Costumam correr juntos nas provas ou cada um faz a sua corrida?
9 – Como conciliam a vida familiar e profissional com o atletismo?
Alexandra dos Santos Nuno Barradas
1 – 37 anos 1 – 36 anos
2 – Secretária 2 – Administrativo
3 – Há 4 anos 3 – Há 4 anos
4 – De estrada 4 – De estrada
5 – Não
6 – A Alexandra
7 –Eu corro três vezes por semana, sendo que ele me acompanha uma vez, as 4ªs feiras quando vamos correr com o grupo correr Lisboa em Odivelas
8 – Ate ao início deste ano, íamos juntos nas provas. Hoje em dia, cada um faz a sua corrida ao seu ritmo.
9 – Quando se gosta, arranja-se sempre tempo para encaixar. E só questão organizar horários/planear a semana de treinos.
Cátia Coutinho Paulo Coutinho
1 – 37 anos 1 – 38 anos
2 – Assistente Técnica 2 – Técnico de Estores
3 – Há 3 anos 3 – Há 3 anos
4 – Adoro estrada e montanha/trails 4 – Gosto de ambas e também as de obstáculos
5 – Sim
6 – O Paulo
7 – Às vezes
8 – Cada um vai no seu ritmo, tirando as que são em equipas. Aí, vamos juntos
9 – Nem sempre é fácil. O dia a dia de hoje não permite às vezes treinar tanto como gostaríamos.
Hélder Pinto Ana Paula Santos
1 – 43 anos 1 – 57 anos
2 – Técnico eletricista 2 – Professora de informática
3 – Há 8 anos 3 – Há 15 anos
4 – Gosto de fazer um pouco de todas. A 4 – Quando descobri o trail, encontrei a
alta montanha, o técnico, o trilho são os “minha praia”. Neste momento, faço
meus favoritos. poucas provas de estrada.
5 – Não, conhecemo-nos na prova do Sicó em 2012, no km 38.
6 – A Ana
7 – Muito pouco, pois o Hélder trabalha longe. Mas quando não há provas, há sempre uns treinos em conjunto.
8 – Nos primeiros anos, fazíamos sempre juntos. Depois, aos poucos e com um enorme remorso o Hélder foi tentando sozinho, pois melhorou muito a sua forma.
Seja como for, apontamos sempre para algumas provas em conjunto e as outras, logo se vê, pois não temos obrigações com nada.
9 – Como a Ana e o Hélder acabam por andar na mesma linha, a vida familiar encaixa bem, em termos profissionais. Temos de jogar com o tempo que sobra para conseguirmos cumprir com os treinos necessários.
Carolina Serrazina Bruno Silvério
1 – 25 anos 1 – 27 anos
2 – Fisioterapeuta 2 – Militar
3 – Há 15 anos 3 – Há 6 anos
4 – Prefiro provas de trail 4 – Prefiro provas de trail
5 – Não
6 – A Carolina
7 – Sim, sempre que possível
8 – Cada um faz a sua corrida
9 – Ambos temos a vida facilitada neste aspeto, felizmente. O Bruno tem uma profissão bastante exigente a nível físico, o que o leva a integrar o treino até mesmo no horário de trabalho. A Carolina, uma vez que trabalha por conta própria, consegue gerir a agenda de forma a tornar os treinos uma prioridade.
Paulo Silva Helena Gonçalves
1 – 51 anos 1 – 45 anos
2 – Técnico Superior de Desporto 2 – Profª Ensino Básico/Ed. Física
3 – Há 26 anos 3 – Há 5 anos
4 – Provas de estrada 4 – Provas de estrada
5 – Não, no caso do Paulo. A Helena recomeçou aquando o início da relação.
6 – O Paulo corria desde 1993. A Helena esteve 16 anos sem correr, fazendo caminhadas. Voltou à corrida em 2014.
7 – Sim, maioritariamente treinamos em conjunto e sempre que possível, no Pinhal Novo a Correr.
8 – Depende da prova em que participamos. Em algumas provas, cada um concretiza o seu ritmo de corrida, existindo uma determinada autonomia em relação à participação do outro. Em outras provas previamente definidas, efetuamos trabalho de equipa para alcançar determinados ritmos médios de corrida, resultado em tempo e o resultado desportivo, hipotecando assim qualquer variável individualista.
9 – Considerando que somos pessoas organizadas, planeamos a semana de acordo com os horários de trabalho, os compromissos pessoais e profissionais, conseguindo igualmente gerir o processo de treino e a participação nas provas que previamente definimos.
José Coelho Isabel Coelho
1 – 62 anos 1 – 54 anos
2 – Funcionário Público 2 – Desempregada
3 – Há 45 anos 3 – Há 15 anos
4 – Provas de estrada 4 – Provas de estrada
5 – Sim
6 – O José
7 – Não
8 – Cada um faz a sua corrida e ao seu ritmo e encontramo-nos no fim.
9 – Conciliando e organizando horários.
David Faustino Isabel Moleiro
1 – 54 anos 1 – 52 anos
2 – Engenheiro Químico 2 – Técnica Recursos Humanos
3 – Há 14 anos 3 – Há 12 anos
4 – Gosto de tudo (pista, estrada, trails) 4 – Prefiro provas de Montanha
5 –Sim
6 – O David
7 – Mais de 50% das vezes
8 – Em distâncias curtas, corremos sempre separados; em distâncias maiores, por vezes juntos.
9 – Com a colaboração de todos e de acordo com a disponibilidade e prioridades do momento.
Vítor Gonçalves Isadora Costa
1 – 50 anos 1 – 31 anos
2 – Administrativo em Editora livreira 2 – Gestora de Sinistros em Seguradora
3 – Há cerca de 20 anos. 3 – Há oito anos
4 – Gosto dos dois tipos de provas, faço questão 4 – Eu costumo dizer que tenho dois
que o nosso calendário tenha uma boa mistura de amores, a estrada e os trilhos. Cada
estrada e trail. um dá-me sensações e emoções diferentes.
5 – Não. Foi através da corrida que nos conhecemos. Ou seja, para além de todos os benefícios que a corrida nos dá, ainda nos deu a cara metade.
6 – O Vítor
7 – Sim, treinamos juntos. Se alguém estiver com problemas físicos, nesse caso, o outro treina sozinho.
8 – Corremos juntos. Fazemos a estratégia para a prova e tentamos cumprir o estabelecido. Já aconteceu, um de nós não estar a 100% e dizer para o outro seguir e fazer um melhor tempo. Isto acontece em estrada, em trail seguimos sempre juntos, por uma questão de segurança mas também para partilhar a aventura.
9 – Treinamos ao fim do dia, depois do trabalho. Para já, não temos tido dificuldades em conciliar as duas coisas. Às vezes, depois de um dia de trabalho mais cansativo, custa ir correr mas um de nós puxa sempre pelo outro.
Dora Dias Carlos Cardoso
1 – 37 anos 1 – 47 anos
2 – Assistente Social 2 – Gestor de Mercado
3 – Há 4 a 5 anos 3 – Há 10 anos
4 – Gosto de correr as duas modalidades mas as 4 – Eu tenho dois amores, tanto
provas de montanha/trail são as que mais gosto. gosto de estrada como de trail.
5 – Não, podemos dizer que foi a corrida que nos juntou, pelo menos foi a correr que nos conhecemos.
6 – Foi o Carlos, a Dora começou um pouco mais tarde.
7 – Sim, sempre que possível treinamos juntos. Mas as vidas bastante ocupadas de ambos, faz com que os treinos sejam muitas vezes em horários diferentes.
8 – Depende. Quando fazemos trail, a maior parte das vezes corremos juntos. Gostamos de distâncias longas, de desfrutar das paisagens, tirar fotos e isso faz-se muito melhor a dois. Já quando vamos a provas de estrada normalmente cada um faz a sua corrida, pois aí, ao contrário das corridas pela natureza, já costumamos levar objetivos pessoais como um tempo específico ou até uma determinada classificação.
9 – Não é nada fácil. Ambos temos vidas muito ocupadas, além do trabalho exigente, da família e da corrida, ainda estamos envolvidos em outros projetos. No entanto, quando existe paixão, arranja-se sempre forma de conjugar tudo. E se nós conseguimos todos conseguem, não há desculpas.
Cristina Caldeira Nuno Marques
1 – 50 anos 1 – 52 anos
2 – Gestora Comercial 2 – Diretor Geral
3 – Há cerca de 8 anos. 3 – Há 12 anos. Fiz sempre desporto. Quando mais jovem, fiz judo de alta competição.
4 – Prefiro estrada 4 – Prefiro estrada
5 – Sim
6 – O Nuno
7 – Depende da agenda e da disponibilidade. Temos uma vida profissional, com agendas bastante agressivas, como tal, temos que adaptar a mesma aos treinos e nem sempre é possível fazê-lo em conjunto. Mas sempre que podemos, tentamos treinar juntos.
8 – Depende muito da prova, do estado de forma em que nos encontramos e do objetivo traçado para a mesma. Temos forma de correr opostas, a Cristina é muito regular e inclusivamente termina em crescendo e o Nuno entra a matar e acaba a morrer. Temos muitas provas terminadas em conjunto, em que um espera e apoio o outro.
9 – O atletismo é uma componente da vida familiar e profissional. Ou seja, para nós o atletismo apenas tem sentido como complemento do que consideramos uma vida equilibrada. Consideramos realmente que a atividade desportiva é uma peça fundamental nas nossas vidas. O desporto, permite-nos “cortar” com a rotina do dia a dia.
Júlia Conceição Mark Macedo
1 – 50 anos 1 – 38 anos
2 – Agente em Geriatria 2 – Engenheiro Eletrotécnico
3 – Em provas, há dez anos. 3 – Corro desde os tempos de escola
4 – Gosto todo o tipo de provas: Corridas de 4 – Eu gosto um pouco de tudo.
Ultra Trail, Montanha e Estrada. A minha Estrada dá aquela adrenalina da
paixão passa por correr no meio da natureza, velocidade. Montanha proporciona a
vencendo desafios a que me proponho. parte da aventura.
5 – Não. Foi precisamente a corrida que nos juntou.
6 – Foi a Júlia.
7 – Às vezes, mas nem sempre é possível. Depende do horário de trabalho de cada um.
8 – Cada um faz a sua corrida.
9 – É uma questão de organização. Quando se gosta, há tempo para tudo. Não há desculpas para deixar alguma coisa por fazer.