Sabemos que os dois sexos são diferentes, inclusive em termos de aptidão física. No caso da corrida, o resultado entre homens e mulheres está diretamente ligado à capacidade física de cada um. A boa notícia para as mulheres é que essa diferença diminui à medida que aumenta a distância das provas. Quanto mais longas elas são, menor é percentualmente a diferença entre homens e mulheres. Essa melhora no endurance vem de uma força feminina inata: as mulheres são conhecidas e respeitadas pela sua maior tolerância à dor. “Talvez porque tenham nascido para dar à luz, elas têm muito mais resistência do que os homens”, diz Nelson Evêncio, treinador de atletismo pós-graduado em Treino Desportivo.
As diferenças (nem tão) básicas entre homens e mulheres
Os homens são mais fortes, rápidos, resistentes, com maior capacidade de contração muscular e de absorção de oxigénio. A maior razão para essa vantagem masculina está na quantidade de massa muscular. O homem tem mais de metade do corpo composto por massa muscular. Nas mulheres, esse número anda à volta de 40%.
Até nas lesões?
Sim, as lesões são distintas entre os sexos. Um estudo avaliou corredores dos dois sexos com dor na banda iliotibial – problema frequente entre corredores – e mostrou que as mulheres com essa lesão têm uma maior rotação do quadril do que aquelas que nunca sofreram esse mal.
Já os homens com esse tipo de dor têm uma maior rotação dos tornozelos comparados com homens ‘normais’. A conclusão é de que a lesão tem origem no quadril feminino, e que os homens desenvolvem-na a partir dos pés. Outro estudo mostrou que a dor na frente do joelho (a famosa síndrome femoropatelar) é diferente em homens e mulheres. Elas têm o quadril mais fraco, e neles, a fraqueza está nos extensores dos joelhos (quadríceps).
No treino
Destoa por questões hormonais. Principalmente nos períodos pré e menstrual, a mulher tem inchaço, queda no rendimento, irritabilidade, às vezes, dor nas costas. Normalmente nesse período, a intensidade do treino tem de ser reduzida. Mas a vingança chega num intervalado forte: no período pós-menstrual, a mulher entra num pico de produção hormonal e consegue fazer treinos mais fortes. Mesmo nas fases mais difíceis do ciclo, as mulheres conseguem encontrar um combustível extra.
A tríade não é só delas
Talvez a tríade da mulher atleta – desordem alimentar, hormonal (amenorreia) e óssea (osteopenia) – não seja exclusivamente feminina. Em 2016, o Comité Olímpico Internacional propôs a troca do nome da síndrome para deficiência relativa de energia no desporto (relative energy deficiency in sport) ou “Red-S”. A grande novidade seria a inclusão de homens como grupo de risco, pois também estão sujeitos a um desequilíbrio na disponibilidade de energia. Para o COI, a mudança de nome poderia descrever com mais precisão, os vários problemas de saúde, como taxa metabólica, função menstrual, saúde óssea, imunidade, a síntese de proteínas e saúde cardiovascular e psicológica.