Veja dez situações a evitar antes da prova e no próprio dia e outras dez após a mesma
Nas provas populares, sejam elas na estrada ou na montanha, é comum presenciar-se situações das mais diversas nas corridas, entre elas, muitos erros de corredores, especialmente dos mais novos, mas também dos mais experientes. Com o intuito de ajudar os leitores para que os problemas sejam os mínimos possíveis durante as competições (e até em treinos), eis uma lista de dez situações que devem ser evitadas ou devidamente corrigidas, nos dias que antecedem uma prova e no próprio dia, assim como outras dez após a competição.
ANTES
1) Não procurar informar-se sobre a corrida
Ao contrário de anos atrás, quando se ia para uma prova sem muitas informações e as surpresas aconteciam, o corredor tem atualmente facilidade em saber pormenores sobre os eventos, através de publicações e inúmeros sites ligados à corrida.
2) Não descansar o suficiente na semana
Sabe-se que a maioria dos corredores não realiza um planeamento a médio e longo prazo, com exceção, talvez, quando se tem em vista uma maratona ou um evento semelhante. Dessa forma, se a prova é de 10 km ou uma meia-maratona, o que se faz é realizar treinos mais rápidos e mais curtos ou um pouco mais longos e não tão fortes, para essas duas situações citadas como exemplo. Tal preparação não é nada “científica”, mas é corriqueira, porque acaba funcionando de alguma forma. Só que muitos costumam manter ou até intensificar os treinos na semana da prova, para não perder a forma, o que é geralmente um erro, pois vai chegar à competição sem o devido descanso. Uma regra que os mais experientes constatam logo, é a seguinte: treinos excelentes durante a semana, prova fraca no fim de semana. Portanto, para a próxima competição, opte por fazer a última semana leve, até porque está provado que não se perde a forma em alguns poucos dias de descanso.
3) Tomar um pequeno-almoço diferente do habitual
Esta recomendação é já um lugar comum. Mas ao contrário de outras que vêm sendo contestadas ou colocadas em dúvida, como a necessidade de alongamentos imediatamente antes de começar a correr ou a recomendação para se beber água a cada 20 minutos, esta continua a ser válida e deve ser seguida, para que não se tenha uma surpresa antes da partida ou durante a prova. Com a agravante de que as casas de banho costumam estar sempre cheias na área da partida e raramente são encontradas no percurso…
4) Usar roupa ou sapatos novos
Outro alerta que se lê em todos os sites e revistas, mas que curiosamente, não é levado muito a sério por muitos corredores, seja porque o desejo de estrear algo novo, é mais forte, ou porque não se considera tal recomendação como muito importante. É verdade que hoje em dia a roupa para a prática da corrida é algo especializado para dar o maior conforto possível ao desportista, assim como os ténis parecem que já vêm “pré-amaciados”, tal a qualidade que apresentam. Mas, mesmo assim, não vale a pena correr o risco de sofrer um incómodo durante a prova, por causa da roupa ou dos sapatos, recomendação válida especialmente para as mais longas, onde o problema tem mais hipóteses de aparecer.
5) Ir para a prova com pouca antecedência e não saber exatamente o local da mesma
Em várias cidades, os participantes já conhecem bem onde são as partidas das provas mas não podem esquecer-se que pode haver alterações do trânsito, até por causa da prova. Daí este alerta, que merece especial atenção quando se trata de provas noutras cidades. Só quem já chegou atrasado a uma partida, sabe o quanto é desagradável. Efetivamente, não é uma experiência que valha a pena passar.
6) Não esquecer a vaselina, outra recomendação conhecida e muitas vezes esquecida
Ela é indicada principalmente para os dias mais frios, para os corredores mais pesados e quando na participação em percursos longos. Além dos mamilos, sugere-se colocar a vaselina também entre as coxas e na parte genital. Alguns gostam de usar o produto nos pés, igualmente para evitar assaduras, mas é necessário atenção para não exagerar, para que os pés não fiquem “dançando” na meia/ténis.
7) Alongar por muito tempo
Este hábito já está arraigado entre inúmeros corredores, até porque em muitas provas, já há exercícios coletivos de alongamentos pouco antes da partida. Esse “puxa-estica” imediatamente antes de começar a correr não traz qualquer ajuda (para evitar lesões ou para correr melhor) e pode até prejudicar a performance. O indicado é que se faça um simples aquecimento, através do trote, ou que se comece sem forçar, para ir habituando os músculos.
8) Beber muitos líquidos antes da partida
Da mesma forma que muitos se entretêm com os alongamentos antes do começo da prova, outros ocupam os minutos que faltam a beber líquidos, para começarem a prova “bem hidratados”. O problema é que os corredores exageram. O resultado é a necessidade de parar no percurso, mesmo que a distância seja de apenas 10 km, para urinar. Antigamente, havia corridas que não garantiam um abastecimento durante o trajeto, mas isso já não sucede agora. Por vezes e mais quando o tempo aquece, até há mais do que um abastecimento, daí não ter muito sentido essa preocupação com a hidratação prévia.
9) Esquecer de atar bem os sapatos
Naturalmente que todos sabem da importância de atar bem os sapatos, ainda mais quando é preciso prender o chip. Acontece que mesmo quando essa operação é feita com cuidado, os atacadores podem soltar-se durante a competição, atrapalhando o corredor e fazendo-o perder algum tempo. Isto acontece especialmente quando está a chover ou quando se transpira muito (ou se despeja muita água no corpo), fazendo com que os atacadores amoleçam e soltem-se. A solução é muito simples: basta dar um nó no atacador, após o laço. Também existe um dispositivo para prender firme o laço, enquanto alguns preferem colocar os atacadores dentro dos sapatos.
10) Posicionar-se o mais possível na frente da partida
Muitos corredores querem sair perto da linha de partida, para não perder tempo no momento em que o congestionamento é maior, como acontece cada vez mais nas provas com muitos participantes. Só que esse empenho para se posicionar na frente acaba por ser um pouco improducente e até perigoso, a não ser que seja efetivamente um corredor rápido. O tempo que se perde nas partidas costuma ser inexpressivo e, além disso, as provas costumam considerar os tempos líquidos, contados apenas a partir do momento em que a pessoa passa pelo tapete da partida. E a saída entre os mais rápidos, pode acarretar uma queda e muito provavelmente algumas ofensas ou empurrões, por estar a prejudicar os outros.
DURANTE
1) Começar a prova muito rápido
Este aspeto está por vezes relacionado com a situação anterior, ou seja, muita gente parte em ritmo acelerado por se ter posicionado na frente e, com medo de ser atropelado, faz os primeiros metros “voando”, mas fica logo cansado. Mesmo para quem corre em bom ritmo mas não é um atleta de elite, o recomendável é sair sem forçar demais, encontrando a sua velocidade ideal e guardando um pouco das suas energias para a parte final da competição, para uma chegada forte.
2) Estabelecer um determinado ritmo rígido
Conversa comum antes da partida é sobre o ritmo que cada um pretende imprimir. É algo natural, mas há que ter cuidado para não acabar prejudicando o resultado final. Ao entrar-se numa prova com o objetivo de fazê-la a uma média de tantos minutos por quilómetro, registando no relógio cada passagem dos quilómetros, acaba-se ficando escravo do ritmo. Pode-se estar num dia negativo (cansado por alguma razão) ou a prova não estar oferecendo boas condições pelo tipo de percurso ou alta temperatura. Dessa forma, não será possível cumprir o ritmo almejado e assim deve-se encarar a situação, correndo-se na velocidade “possível” naquele dia.
O contrário também acontece, ou seja, começa-se a prova em determinado ritmo, mas constata-se que está sobrando energia (pelas razões inversas anteriormente apresentadas). Nesse caso, deve esquecer o tempo previsto e correr como o corpo está pedindo no momento, quem sabe até bater o recorde pessoal na distância.
3) Erros ao beber água
A questão do abastecimento parece algo simples e efetivamente é, mas os iniciados atrapalham-se por vezes. A começar pela procura logo da primeira mesa de água, sempre a mais congestionada, quando normalmente muitas outros corredores estão na frente. E depois de receber a garrafa, chocar com os mais (ou tão) afoitos. Outra recomendação é quanto à forma de beber a água. Muitos, ao tentarem bebê-la, acabam por se engasgar. E nem é preciso beber toda, podendo a restante ser despejada na cabeça, para refrescar.
4) Correr em ziguezague
Esta recomendação é óbvia, uma vez que qualquer pessoa sabe que o mais lógico é o corredor não sair do seu caminho, desviando para um lado ou para o outro, porque acaba cortando a frente dos outros, com risco de quedas, além de prejudicar o seu próprio rendimento, uma vez que acabará fazendo uma distância superior à aferida pelo evento. Apesar disso, alguns fazem essa “operação”, quando da proximidade dos postos de abastecimento, ou para conversar com um amigo, ou para ser fotografado, ou para sair na TV…
5) Não procurar tangenciar as curvas
Aqui, a questão é técnica e resume-se a alertar para que a pessoa corra a distância efetivamente medida, resultado de uma aferição feita por pessoas habilitadas e que realizam o melhor tangenciamento possível das curvas, com o objetivo de procurar encontrar a menor distância. Ou seja, quem corre da melhor forma, completa o mesmo trajeto do medidor, enquanto os outros fazem mais alguns metros.
6) Levar gel para uma prova de 10 km
Citamos o gel de carbohidrato, mas pode ser um outro suplemento qualquer. Efetivamente, em eventos de curta distância não é necessária qualquer suplementação, para repor a energia perdida, bastando água e eventualmente o isotónico fornecido pela organização. Até porque a absorção por parte do organismo demora algum tempo, daí tal ingestão não fazer qualquer diferença.
7) Não parar ou reduzir ao sentir-se mal
Correr significa esforçar-se para vencer determinada distância e mesmo que não se trate de um corredor competitivo, será sempre necessário algum empenho. Isso poderá significar algum sofrimento durante a competição, mas deve-se separar bem o que são dores musculares ou o cansaço natural, de um mal-estar repentino, como tonturas, dor no peito, vontade de vomitar. Nestes casos, não deve hesitar: é parar e ir caminhando, ou pelo menos reduzir o ritmo. Se tudo voltar ao normal, a corrida continua, caso contrário deve procurar ajuda médica quanto antes.
8) Não relaxar os ombros e os braços
Pode parecer desnecessária esta recomendação, na medida em que o que manda numa corrida são as pernas (e os pulmões). Mas correr muito tenso é prejudicial para o rendimento do corredor, daí indicar-se que de vez em quando, o corredor procure relaxar os ombros e braços. E já agora, que não fique olhando fixo sempre em frente. Pode aproveitar para trocar ideias com o companheiro do lado, ver a paisagem, brincar com os espetadores.
9) Alongar quando surgem cãibras
O tema não tem unanimidade, antes pelo contrário. Muita gente recomenda que se alongue quando as cãibras aparecerem durante uma competição. Mas fisiologistas e fisioterapeutas comentam que tal atitude pouco ou nada ajuda, sendo mais producente simplesmente procurar caminhar até as contrações pararem ou diminuírem. O ideal seria o corredor conseguir aplicar gelo no local.
10) Acabar a prova, parar e alongar
Tal como deve fazer um prévio aquecimento antes de começar a correr, também deve fazer um arrefecimento quando cortar a meta, que pode ser através de uma caminhada ou até um trote. Nada de parar imediatamente e começar a alongar. Esta atitude é perigosa para o sistema cardiorrespiratório porque o coração, que vinha trabalhando em ritmo acelerado, não muda automaticamente de ritmo ao terminar a prova e, dessa forma, acaba bombeando mais sangue do que o corpo passa a necessitar. E alongar com o corpo muito quente pode levar a um esticamento exagerado das fibras musculares, com risco até de rompimento. Portanto, deixe o alongamento para depois de caminhar por uns tempos e hidratar-se.