Embora muito raramente, já temos encontrado alguns atletas a treinarem de máscara nas ruas da cidade. Já publicámos um artigo sobre este tema mas dado o seu interesse, publicamos hoje um texto do fisiologista brasileiro Valdir Braga.
O que a fisiologia diz sobre correr com máscara?
“Em tempos de pandemia, o uso de máscaras e o distanciamento social têm-se mostrado como medidas efetivas para evitar a disseminação em massa do coronavírus. Mas e quando o assunto é correr?
Essa questão tem deixado os corredores (e cientistas) em dúvida quanto à efetividade do uso de máscaras na prática desportiva. Do ponto de vista fisiológico, especialmente em atividades de alta intensidade, o uso de máscara não só deixa de ser efetivo devido à humidade, como induz a alterações fisiológicas que são prejudiciais à atividade.
Durante o exercício de alta intensidade, a frequência respiratória aumenta muito, aumentando a utilização de oxigénio e, consequentemente, a eliminação de CO2 (parte desse processo é justamente para eliminar ácidos do organismo).
Entretanto, com a máscara (e depende do material com que a máscara é feita), o CO2 pode não ser eliminado de maneira adequada, podendo, em casos extremos, levar a uma acidose respiratória. Além disso, o próprio CO2 é um potente estimulador do centro respiratório no cérebro, levando o atleta a aumentar ainda mais a frequência respiratória, diminuindo a performance.
Portanto, DO PONTO DE VISTA FISIOLÓGICO, o uso de máscaras na corrida deve ser limitado apenas aos exercícios de baixa intensidade.
Enfim, deve correr-se sem máscara mas evitar fazê-lo em locais de grande circulação como ruas e parques, justamente para evitar aglomerações e o contágio do vírus.