São vários os países que exigem o uso da máscara assim que se sair de casa. Outros, não vão tão longe e exigem apenas o seu uso em locais fechados como os transportes públicos, supermercados ou farmácias.
Mas e quando saímos para correr, como é? Devemos ou não usar máscara? Publicamos seguidamente um interessante artigo publicado recentemente pela brasileira Paola Machado.
“ Se o assunto é realizar exercícios ao ar livre, como correr, pedalar ou caminhar? Nesses casos, a recomendação e necessidade da máscara é menos clara. E, sim, mesmo com a quarentena, diversas instituições do mundo todo recomendam a prática nesse momento para preservar a saúde física e mental. Segundo um comunicado da SBMEE (Sociedade Brasileira Medicina do Exercício e do Esporte) que está de acordo com a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, realizar exercício físico ao ar livre está recomendado, desde que não proibido por lei decretada pelo poder executivo, para determinada localidade ou região, e observando sempre os protocolos de prevenção amplamente conhecidos.
A SBMEE ressalta os cuidados para que o exercício seja feita de uma forma isolada (nunca em grupos), evitando aglomerações e contatos pessoais próximos, respeitando a distância adequada, além de manter os cuidados preconizados de etiqueta respiratória e de higiene, além de alertar do potencial risco que o praticante se expõe ao sair de casa para treinar, como ter maior chance de se aproximar de outras pessoas ou tocar em locais contaminados (botão do elevador, maçanetas, portões, etc).
Por isso, se você decidir realizar uma corrida socialmente distanciada, a necessidade de usar uma máscara facial depende ou não de onde você está. A posição do CDC (Centro de Controlo de Doenças dos EUA) é que as máscaras são necessárias “sempre que as pessoas estão em um ambiente comunitário, especialmente em situações em que você pode estar perto de pessoas”, como “mercearias e farmácias”. Portanto, se você está correndo tranquilamente e com a distância recomendada, não é obrigatório o uso do acessório.
O uso de máscaras em práticas desportivas é mais um estímulo social. Em geral, exercícios ao ar livre, com ou sem máscara, parecem seguros, quando com as devidas precauções que citei acima. Exercitar-se faz bem para a saúde e o risco, de transmissão mínimo, tanto para os outros, se um corredor estiver infetado, quanto para o corredor, se ele passar por pessoas infetadas.
O que pode acontecer quando você faz exercícios com máscaras
1 – Redução no desempenho e dificuldade para respirar
Fique atento aos sinais do seu corpo, pois as máscaras impedem a respiração. As pessoas que se exercitam com máscara facial podem sentir alguma resistência á respiração, dependendo da espessura do material. Por isso, se o treino parecer mais difícil que o normal, fique atento, pois a ventilação pode não estar adequada, e dessa forma, tente reduzir a intensidade do treino. Vale reforçar que se a boca e o nariz estiverem totalmente cobertos, pode haver alguma limitação à ingestão de ar, o que pode aumentar o desconforto e atenuar o desempenho da corrida.
2 – Perda da eficácia da máscara
Com a prática desportiva, as mais caras tendem a ficar húmidas ou molhadas mais rapidamente e também não ficam fixas no rosto o tempo todo, deslocando-se à medida que nos exercitamos. Dessa forma, a inspiração através de uma máscara ou tecido húmido, além de ser mais difícil do que quando seco, gera uma perda de eficiência antimicrobiana do acessório. Assim, as máscaras reutilizáveis trazem um pequeno risco de infeção da pele ao longo do tempo, principalmente quando não for feita a higiene necessária.
3 – Aumento das secreções nasais
O exercício com uma máscara facial criará um microclima quente e húmido ao redor do seu rosto. Com esse efeito, a máscara transforma a metade inferior do seu rosto em uma “mini-sauna”, levando a um acúmulo de suor sob a máscara e a um aumento das secreções nasais.
Existe alguma máscara apropriada para a prática desportiva?
. Para o maior conforto durante exercícios extenuantes, você pode usar um acessório específico para a prática desportiva, que tem formato tubular e pode ser usado como bandana (lenço) ou para cobrir o pescoço e ser esticado sobre o nariz e a boca. Esses acessórios geralmente, são feitos de tecidos sintéticos finos projetados para reduzir o acúmulo de calor e, como são abertos na parte inferior, promovem mais fluxo de ar do que as máscaras cirúrgicas comuns. Mas, devido a esse design aberto, eles também apresentam menos barreira à saída ou influxo de germes do que as máscaras cirúrgicas ou seu equivalente caseiro.
. As máscaras cirúrgicas podem bloquear os micróbios de maneira mais eficaz. Mas elas são quentes e ficam húmidas rapidamente durante os treinos. Isso pode fazer com que você retire o acessório no meio do treino, o que não só elimina o benefício da máscara, como aumenta o risco de tocar a boca e o nariz com a mão, o que deve ser sempre evitado.
Qualquer que seja a sua escolha, a melhor opção é manter a distância na prática desportiva. Fique a pelo menos 1,80 metros de distância de quem você passa e desinfete as suas mãos quando chegar a casa”.
Ainda sobre a distância ideal quando treinamos, recomendamos a leitura do texto publicado neste site no dia 14: https://revistaatletismo.com/simulacao-alerta…a-quem-vem-atras/
Entretanto, a empresa italiana La Sportiva já anunciou ter criado uma máscara própria para correr, a Statos Mask. Segundo a empresa, trata-se de uma máscara com um espaço para ser colocado um filtro, o qual deve ser substituído após cada treino. “É um produto lavável, reutilizável e cómodo de lavar”. Estas máscaras ainda não estão à venda.