A velocista da extinta RDA nunca reconheceu a sua dopagem apesar das esmagadoras provas
Em 9 de Agosto último, a americana Phyllis Francis venceu a final dos 400 metros do Mundial de Londres com a marca de 49,92s. Francis foi a única das oito finalistas a baixar dos 50 segundos.
Esta marca vem agora à lembrança porque completam-se hoje 32 anos que Marita Koch conseguiu uma marca excecional na mesma distância. Foi em Canberra, na quarta edição da Taça do Mundo, competição já desaparecida. A velocista da extinta República Democrática da Alemanha deu a volta à pista nuns incríveis 47,60 s, recuperando assim o recorde mundial dos 400 m que havia sido arrebatado dois anos antes pela checoslovaca Jarmila Krotochvilová, no Mundial de Helsínquia com 47,9.
Marita Koch nunca mais voltou a correr tão rápido. Retirou-se da alta competição apenas dois anos depois, dias antes de fazer 30 anos, devido aos seus recorrentes problemas com os tendões de Aquiles. Ela obteve 14 recordes mundiais ao ar livre (200, 400, 4×100 e 4×400) e três marcas nas provas individuais de velocidade (10.83 nos 100, 21.71 nos 200 e 47.60 nos 400) que lhe dariam três medalhas de ouro no recente Mundial de Londres.
Pode-se dizer que esta é a parte bonita da história porque não é segredo para ninguém que a RDA baseou grande parte dos êxitos dos seus atletas no doping sistemático. Após a reunificação alemã e a desclassificação dos documentos da STASI, polícia secreta da RDA, foi descoberta uma complexa engrenagem que referia o Turinabol, um esteroide anabolizante que acelera o crescimento muscular, como o grande responsável pelos resultados então alcançados no atletismo e na natação, sobretudo no setor feminino.
O nome de Marita Koch, que nunca acusou positivo, apareceu em vários documentos mas ela sempre negou o seu envolvimento no doping. “Tenho a consciência tranquila. Repito o que já disse, nunca dei positivo, nunca fiz nada que não devesse fazer naquele momento”, disse a ex-atleta nalgumas das suas poucas entrevistas concedidas.
Apesar das evidências, a IAAF está atada de pés e mãos porque deve respeitar o regulamento da Agência Mundial Antidoping, que indica que a haver infração, ela prescreve ao fim de dez anos. Outra coisa seria a própria Marita Koch reconhecer a sua dopagem. Nesse caso, a IAAF poderia atuar e anular o seu recorde. Mas isso ainda não aconteceu e dificilmente sucederá no futuro.