Campeão mundial treinou com New Orleans Saints e Tampa Bay Buccaneers, mas depois da redução da pena, regressou às pistas: “São o meu domínio”
Bicampeão mundial dos 100 m e grande rival de Usain Bolt nas pistas, Justin Gatlin poderia ter construído uma história diferente no desporto e bem longe do atletismo. Suspenso por doping em 2006, o americano retomou um sonho de menino e tentou a carreira no futebol americano como wide receiver. Grande fã da NFL, começou a sua curta experiência nos campos no New Orleans Saints e foi depois convidado para integrar os treinos do Tampa Bay Buccaneers. Fez alguns testes para a equipa principal, mas sem sucesso e com a suspensão reduzida, decidiu retornar às pistas.
– “O futebol americano é definitivamente um desporto muito forte. É preciso ser forte mentalmente e fisicamente. Tem que ser capaz de levar a pancada. Eu via que era basicamente sobreviver em campo. O seu lugar e a sua posição estão sempre a ser avaliados, tem sempre alguém querendo o seu lugar e outras pessoas estarão julgando para saber se é bom o suficiente. Correr é diferente. Ou se é um vencedor ou se é um perdedor, e dessas derrotas, pode-se tirar lições para melhorar. As pistas são o meu domínio e por isso decidi voltar”.
Gatlin não tinha ainda 20 anos quando testou positivo num exame antidoping pela primeira vez. Então, ele alegou que as anfetaminas apontadas pelo teste estavam presentes num remédio que usava desde a infância por ter deficit de atenção. A IAAF deu-lhe apenas uma advertência e o americano tornou-se a nova sensação das pistas. Foi campeão olímpico em 2004 e mundial em 2005. Até ser apanhado no ano seguinte, mais uma vez num exame.
Desta vez, por ser reincidente, Gatlin foi punido com oito anos de afastamento do desporto. Ele negou sempre que tivesse utilizado qualquer substância. Por colaborar com as investigações, teve a pena reduzida para quatro anos. O americano voltou às grandes competições no Mundial de 2011 e retornou aos pódios com um bronze nos Jogos Olímpicos de Londres e ao ouro no recente Mundial, também em Londres.
Para seguir a carreira no futebol americano, Gatlin contou com a ajuda de algumas pessoas. Sean Payton, treinador do New Orleans Saints, foi uma delas. Segundo o americano, foi ele quem lhe deu a primeira hipótese. No início de setembro, Gatlin visitou o centro de treinos da equipa de New Orleans e registrou o momento ao lado de alguns jogadores e do ex-técnico. Nos Buccaneers, a sua relação com o técnico Jon Gruden não era tão amistosa, mas com ele, também aprendeu muito sobre o jogo e como utilizar as suas habilidades do atletismo no campo.
– “Foi diferente para mim, porque como um atleta, principalmente um atleta das pistas, era conhecido por correr muito rápido e em linha reta. Eu precisei de diminuir o meu ritmo e aprender como correr para as laterais e receber bem a bola. Dizem que nós, do atletismo, não somos bons jogadores de futebol americano, mas eu tentei utilizar o meu conhecimento das pistas e ganhar experiência e conhecimento no futebol americano”.