O Grupo Desportivo De São Domingos (GDSD) foi fundado em 4 de Agosto de 1995 e teve origem no seio da família Leitão que habitava na área da Grande Lisboa e organizava grandes convívios familiares em vários pontos do país.
Face à necessidade de uma organização mais animada e com mais atividade desportiva, nasceu o primeiro rali-paper, que levou os convivas à descoberta de um restaurante. Daí, surgiu a necessidade de formar um clube. Pensou-se logo em dar-lhe o nome da localidade onde nasceram a maior parte dos seus dirigentes, Serra de São Domingos, na Sertã.
Foi nesta localidade que numa reunião efetuada em 04 de Agosto de 1995 se traçaram as linhas mestras para a legalização do clube, ficando desde logo claro que a sede seria nesta localidade onde nasceram os seus fundadores.
Da Sertã, delegação em Loures
Nessa reunião, ficou ainda decidido que o novel clube devia ter uma delegação em Loures (local de residência de alguns dos dirigentes mais ativos). “Sabíamos que um clube para poder evoluir na vertente do atletismo, teria que ter um local de maior atividade e dinâmica que à data não era possível oferecer na Sertã”, diz Sérgio Arruda, treinador e dirigente.
Joaquim Leitão é o atual presidente do GD S. Domingos que tem 236 sócios. O valor das quotas é de dez euros anuais mas apenas pagam os sócios com mais de 18 anos.
A sede está localizada numa antiga escola primária cedida pela Câmara Municipal da Sertã em de São Domingos. Em Santo António dos Cavaleiros, Loures, existe um armazém que funciona como a delegação. No total, o clube tem cerca de 120 praticantes distribuídos por três secções: Atletismo, Caça e Pesca.
Quase uma centena de atletas
A secção de Atletismo foi a primeira a ser criada, na data da fundação do clube. Tem atualmente 91 atletas, sendo 70 na delegação de S. António dos Cavaleiros e 21 em São Domingos. Destes todos, estão federados 51 na AA Lisboa e 14 na AA Castelo Branco. Cerca de 48% atletas são do sexo feminino, distribuídas pelos diversos escalões.
Tem dois treinadores credenciados pela FPA, a treinar os atletas em Santo António Cavaleiros, Sérgio Arruda e Anabela Carvalho. Na Sertã, tem o treinador Eliseu Santos.
Os atletas participam em provas de estrada, corta-mato, montanha e pista (Regionais e Nacionais). Na Marcha Atlética, participam nos Regionais, Nacionais e Europeus.
Tem três maratonistas e merece particular destaque, a excelente prestação no Troféu Corrida das Coletividades do Concelho de Loures, ocupando os lugares cimeiros nos escalões jovens.
Aposta séria na formação
Segundo Sérgio Arruda, a aposta na formação é uma constante preocupação. “Trabalhamos em prol dos nossos atletas e na sua formação constante enquanto atletas e cidadãos. Damos especial enfoque às provas de pista, onde abrangemos todas as disciplinas que compõem a modalidade. Temos obtido bons resultados na Marcha Atlética, nas provas de velocidade e no lançamento do dardo. Regemo-nos por uma metodologia e planificação de treinos e provas, mediante o calendário da AAL/FPA. O rigor e a disciplina não são esquecidos e têm primordial atenção da nossa parte. Por isso, elaborámos o ‘Estatuto do Atleta’ e a ‘Carta de Boas Vindas’, dois documentos que são intensamente respeitados, pela forma como apresentam o que é a modalidade, e como pretendemos que seja praticada e desenvolvida, no seio do GD S. Domingos”.
Carolice mantém clube de pé
Como acontece com a maioria dos clubes populares, os apoios são muito escassos, dada a crise económica. Segundo Arruda, o clube tem os possíveis, das entidades oficiais (Câmaras
Municipais de Loures e Sertã, União de Juntas de Freguesia de S. António dos Cavaleiros e Frielas, Junta de Freguesia de Loures e Junta de Freguesia da Sertã) e algum comércio local (muito reduzido e pontual).
O total das receitas ronda os 1.500 euros. Para além dos pequenos apoios acima citados, o clube conta ainda com as quotas dos sócios, convívios e outras atividades culturais e recreativas. Para poder manter em atividade tantos atletas, acabam por ser os dirigentes a suportar boa parte das despesas que não são contabilizadas.
O apoio dado aos atletas passa pelos pagamentos das inscrições anuais na Federação, deslocações para as provas e treinos, em transporte próprio dos pais e dirigentes, e pagamentos de inscrições em algumas provas populares. O clube contribui ainda com o pagamento para algumas atividades desportivas e lúdicas, realizadas pela Direção em conjunto com os atletas.
Mais apoios, precisam-se!
Para Arruda, “as principais dificuldades na prática do atletismo, situam-se na falta de apoios e verbas que permitam um crescimento sustentado do número de praticantes e a manutenção da representação dos jovens, que permitam a continuidade e a sustentabilidade do clube”. Refere ainda a dificuldade de transportes, face ao número de atletas a deslocar para treinos e provas. E finalmente, terem patrocinadores que auxiliem na aquisição de equipamentos, etc.
Provas em Loures e Sertã
O GD S. Domingos organiza duas provas nacionais, uma em Loures e outra na Sertã. Em Loures, a “Légua de Marcha Atlética” vai ter em 22 de Outubro a sua 13ª edição, sendo esta a primeira prova do Calendário Nacional que conta com a participação de cerca de 210 atletas e abrange todos os escalões etários. Neste evento, o clube oferece o jantar e homenageia todos os anos um atleta (nacional/internacional) da modalidade.
Na Sertã, organiza anualmente o “Grande Prémio do Pinhal”, que também vai na 13ª edição e que reuniu em Março último cerca de 350 participantes, também com jantar oferecido.
Um de boxers… outra descalça
Quanto a estórias, Arruda conta-nos esta passada com um atleta: “Na Corrida do 1º Maio em Lisboa, ele chegou muito em cima da hora do início da prova e ao trocar de roupa, tirou as calças do fato de treino. Ficou em boxers e esqueceu-se de vestir os calções, só quando acabou a prova e se dirigiu à carrinha para trocar de roupa, é que um colega do clube o alertou para a cor do calção/boxer, foi aí que se deu conta do acontecido”.
A outra estória passou-se com uma atleta que numa prova de 17 km disputada na região do Cadaval, correu descalça cerca de 8 km com os ténis nas mãos.
Falta de ética no desporto
A terminar, Sérgio Arruda alerta para as dificuldades dos pequenos clubes, “que só subsistem pelo espirito de missão, com orçamentos irrisórios, mas que desenvolvem um importante papel na nossa sociedade, substituindo muitas vezes o Estado, no seu papel social, cultural, desportivo e formativo”.
Alerta ainda para o investimento realizado na formação dos jovens que não tem projeção no clube formador. “Quando os jovens demonstram já algum valor, essa mais valia é aproveitada por outros clubes de maior envergadura, assediando-os de forma pouco ética, sem sequer contactarem os dirigentes dos clubes formadores, manifestando a estes, o seu interesse pelos atletas em causa. Este é sem dúvida, um problema cultural, que está na base da nossa formação, como cidadãos. Como podemos clubes ter nos seus quadros técnicos e na formação, elementos com este espírito? Que valores é que são transmitidos aos jovens? ‘Mente sã em corpo são,’ é o nosso lema”.
Para o nosso entrevistado, “os jovens atletas do GD S.Domingos, não têm adversários, mas sim colegas e amigos de outros clubes. Os adversários dos nossos jovens são essencialmente o cronómetro e a fita métrica”.