Sabemos da importância da corrida no bem-estar dos cidadãos em geral. Ela também pode ter um papel importante nas prisões.
A treinadora Lisa Keller usa a corrida como uma aliada na recuperação de detidas no Centro Correcional da Montanha de Hilland, no Alasca.
Chamado de Running Free Alaska, o projeto tem o objetivo de dar mais qualidade de vida e autoconfiança para as presidiárias participantes, além de ajudar a superar as dificuldades próprias da prisão.
A iniciativa começou em 2012, com o objetivo de levar 25 mulheres a correrem a sua primeira prova de 5 km.
No primeiro ano, as presas treinavam dentro do presídio, onde tinham que dar dezenas de voltas no ginásio para completar a distância pretendida. Para isso, treinaram 3 vezes por semana num período de 12 semanas.
No final do treino, 21 das 25 mulheres conseguiram completar a prova. Elas ganharam sutiãs desportivos, sapatos, além de perderem peso, ganhar velocidade e abriram-se umas às outras.
Exemplo de uma transformação
Certa vez, Lisa Keller foi surpreendida com a entrada de Gina no meio de uma época de treino.
Gina, que tinha apenas 24 anos quando se juntou ao grupo de corrida, passou várias semanas com a cabeça baixa.
Keller acompanhava o desempenho da novata nos treinos de agilidade. O seu potencial atlético era claro, mas a treinadora duvidou que Gina soubesse da sua capacidade e se poderia ver isso em si mesma.
Na época seguinte, Gina começou a mudar o seu comportamento e já conversava com todas. “A corrida ajudou-me a superar os meus medos e construir força física e espiritual”, disse Gina. “Eu uso sempre o meu sutiã desportivo, então nunca esqueço que sou uma corredora.”
Atualmente, as mulheres já correm num caminho de terra batida fora da penitenciária, mas dentro da propriedade.
Gina e outras cinco detidas são as capitãs da equipa para apoiar as outras 30 companheiras de corrida e angariar novas recrutas.
No outono de 2018, Gina melhorou o seu recorde pessoal nos 5 km para 20m14s e estabeleceu o recorde no percurso de Hiland Montain. Lisa Keller diz que esse tipo de transformação não é único.
Ao fazer com que as mulheres falem sobre os seus problemas, o programa ajuda na reabilitação. Quando corremos, estamos no controle dos nossos corpos”, diz ela. “Isso devolve-lhes o seu poder.”