(Foto de arquivo)
Foi uma jornada bem animada, a do segundo dia do Campeonato de Portugal de pista coberta, realizado em Braga, que teve como pontos altos, as provas de 3000 metros, na qual a bracarense Mariana Machado e os benfiquistas Isaac Nader e Samuel Barata conseguiram marcas para o Europeu de Torun. Destaque para Nader, que já havia sido campeão de 1500 m (distância que preferirá em Torun) e agora bateu o recorde nacional sub’23 de 3000 m. No triplo, Patrícia Mamona, que no ano passado já fez o mínimo da Associação Europeia (14,30), com 14,33, ficou agora, na sua primeira prova da época, a seis centímetros da marca de referência (14,09) pedida pela federação portuguesa.
Entretanto, foram várias as surpresas, nomeadamente nas provas masculinas de altura e comprimento e feminina de 60 m barreiras. E houve provas bem emotivas, com decisões sobre a meta, como foi o caso dos 800, 3000 m e 60 m barreiras masculinos.
Vejamos o que de mais relevante aconteceu prova a prova:
800 metros (M): Prova emocionante, decidida sobre a meta, com apenas quatro centésimos (!) a separar os dois primeiros. Mauro Pereira fez de “lebre” (53,93 aos 400 m) e, depois, José Carlos Pinto (Benfica) ficou na frente, com Nuno Pereira (Sporting) logo a seguir. Este ainda o passou na última volta mas na reta final, o benfiquista foi mais forte e terminou com um recorde pessoal (por um centésimo!) de 1.49,21 (é o 10º português de sempre), contra 1.49,25 de Nuno Pereira, 12º de sempre (tinha 1.50,22 como melhor). Distante o terceiro, João Peixoto (SC Braga), com 1.53,46, igualmente recorde pessoal.
3000 metros (M): Excelente prova, com Hugo Rocha a servir de “lebre” e Isaac Nader e Samuel Barata (ambos do Benfica) a discutirem o título até à meta, com vantagem para o primeiro, que gastou 7.57,45, melhorando quase 15 segundos e batendo o recorde nacional de sub’23… que pertencia ao seu treinador, Rui Silva, com 8.00,20 desde 1999. Samuel Barata também melhorou de 8.04,59 para 7.57,63. Nader é agora, o 8º português de sempre e Barata o 9º. Fernando Serrão (Sporting), que ainda andou com os dois primeiros durante bastante tempo, cedeu muito na parte final e foi distante terceiro, com 8.09,85.
60 m barreiras (M): Ausente João Vítor Oliveira, a decisão da prova ficou em aberto e a final foi muito disputada entre dois especialistas de provas combinadas, Abdel Larrinaga (GD Estreito), vencedor com 8,13, e Edgar Campre (Benfica), que havia batido o recorde pessoal na eliminatória, com 8,12, e gastou 8,14 na final. Fechou o pódio Rafael Correia (J. Vidigaelense), com 8,23.
Altura (M): Surpresa na vitória de Nelson Pinto (J. Serra), que “limpou” todas as alturas até 2,13, inclusive, igualando primeiro o seu recorde pessoal a 2,10 e batendo-o depois, subindo a 9º português de sempre em pista coberta. Gerson Baldé (Benfica), o favorito, esteve muito irregular, com derrubes a 2,07 e 2,10 que lhe foram fatais no desempate, já que, tal como o vencedor, passou 2,13 à primeira. Tiago Pereira (Sporting) fechou o pódio, com 2,10 (à primeira), falhando depois um ensaio a 2,13 e dois a 2,16.
Comprimento (M): Surpreendente triunfo do ex-júnior André Pimenta (J Vidigalense), que progrediu de 7,33 (em 2019) para 7,67, subindo a 11º de sempre em pista coberta. Várias vezes, passou a sua anterior marca: 7,33-7,30-7,67-7,51-7,43-x. O favorito Ivo Tavares (Benfica) limitou-se a dois saltos válidos, o melhor dos quais (o 1º ensaio) a 7,53. Danilo Almeida (C Bf Faro) completou o pódio, com 7,32, ultrapassando Eberson Silva (Benfica), com 7,28.
Peso (M): Aquém das expetativas. Francisco Belo (Benfica), campeão pelo terceiro ano consecutivo, lançou a 19,50, derrotando Tsanko Arnaudov (Benfica), que chegou aos 19,19. Ausente Marco Fortes, Otoniel Badjana (Benfica) fechou o pódio, com 16,91, à frente de Daniel Santiago (Sporting), que lançou a 16,16. Todos longe do seu melhor.
800 metros (F): As duas primeiras e ainda a 4ª classificada, são ainda juniores. Triunfou Camila Gomes (Benfica), com um final muito forte para um recorde pessoal de 2.09,68 (tinha 2.10,64), que a coloca como 5ª júnior de sempre. A segunda foi Rita Figueiredo (Sporting), com 2.11,13, perto do seu melhor de 2.10,83. Fechou o pódio, Francisca Cantante (GR Eirense), com um recorde pessoal de 2.11,97, à frente da júnior Carla Rodrigues (Benfica), com 2.12,37.
3000 metros (F): Larga superioridade de Mariana Machado (SC Braga) que se “vingou” da desclassificação nos 1500 metros da véspera, ganhando com 12 segundos de vantagem e, principalmente, com mínimo (por quase um segundo) para o Europeu, ao conseguir 9.09,09. Joana Soares (J. Serra) foi segunda (9.21,05), logo seguida de Carla Mendes (JOMA), com um bom final e um recorde pessoal de 9.21,74.
60 m barreiras (F): Mais uma surpresa, com a vitória de Catarina Queirós (J. Serra), que progrediu de 8,60 para 8,55 na eliminatória e para 8,46 na final, marca que a coloca como 12ª de sempre. A segunda foi Fatumata Baldé (Benfica), que também progrediu bem, de 8,57 para 8,55 na eliminatória e 8,51 na final. A favorita, Olímpia Barbosa (Sporting), foi apenas terceira, com 8,69.
Vara (F): Quarto título para Marta Onofre, que pareceu com problemas físicos e se limitou a passar 3,65 (à 1ª) e 3,75 (à 2ª), falhando depois os 4,00. Recorde pessoal para Sofia Carneiro (Maia AC), que progrediu de 3,61 para 3,65, altura que passou à 1ª tentativa. Fechou o pódio Raquel Marques (GA Fátima), com 3,15.
Triplo (F): Ausente Susana Costa, todo o favoritismo passou para Patrícia Mamona (Sporting), que assim desempatou a seu favor o curioso empate de títulos nacionais entre ambas (7-7 antes deste). Mamona conseguiu 14,03 no último ensaio, depois de outros a 13,83 e 13,81. Evelise Veiga (Sporting), apenas com dois saltos válidos, a 13,44 e 13,41, foi natural segunda e a luta foi bem equilibrada para o terceiro posto: depois de ser campeã de barreiras, Catarina Queirós (J. Serra), com 13,04, passou pela 1ª vez dos 13 metros (tinha 12,95 como melhor) ao 4º ensaio (passou a ser a 10ª portuguesa de sempre); no 5º ensaio, no entanto, Ana Oliveira (GA Fátima) igualou-a com 13,04 e passou para a frente por ter vantagem no segundo melhor salto (12,94-12,82). E, no último ensaio, com 13,14, não só confirmou o 3º lugar como melhorou em nove centímetros o seu recorde pessoal, subindo a 8ª de sempre, igualando Lucinda Gomes, que neste concurso foi 5ª com 13,00. Cinco atletas acima de 13 metros é bastante bom.
Não se deve olhar o dente a cavalo dado, mas aquela transmissão… nos 800mt ao invés de se concentrarem nos dois que disputavam o sprint final a realização ficou na câmara parada a ver os que vinham atrás.
Aquela rampinha que os saltadores em altura usaram é normal?