Papa Massata Diack tinha pedido o adiamento do julgamento porque os seus advogados não puderam deslocar-se a Paris. Mas a sua petição foi recusada e assim, começa hoje em Paris o julgamento de Lamine Diack, ex-presidente da IAAF e do seu filho Papa Massata Diack, ambos acusados de corrupção no seio da instituição com o objetivo de proteger os atletas russos acusados de doping.
Papa Massata não chegou a ser detido pelas forças de segurança francesas, tendo-se refugiado no Senegal. Foi a partir de lá que ele pediu por videoconferência o adiamento do julgamento.
Assim, Lamine Diack foi o único dos dois que esteve hoje presente às 8.30 no tribunal de Paris. Aos 87 anos, ele enfrenta acusações de corrupção ativa e passiva, abuso de confiança e branqueamento de forma organizada, que poderão dar-lhe até dez anos de prisão.
“Tenho a audição danificada e um estado de saúde bastante complicado mas aqui estou”, declarou Lamine Diack ao entrar na sala do julgamento. Diack dirigiu a IAAF entre 1999 e 2015 e compareceu com o seu conselheiro Habib Cissé e o antigo responsável antidoping da IAAF, Gabriel Dollé.
Quem não se apresentou ao juiz foram outros investigados no caso, o ex-presidente da Federação Russa de Atletismo, Valentin Balakhnitchev e o ex-treinador russo de fundo, Alexei Melnikov.
As acusações pertencem a toda a década de 2010 e têm a ver com a aplicação do passaporte biológico. Este, permitiu detetar variações sanguíneas suspeitas em vários atletas russos por possível presença de EPO. Lamine Diack já reconheceu que as sanções impostas aos atletas russos queriam prejudicar o mínimo possível a imagem da Rússia com vistas ao Mundial de 2013. Em troca, a Rússia havia concedido uma ajuda de milhão e meio de euros para as campanhas políticas de Lamine Diack no atletismo.