Medalhado aos 35 anos, afirma que derrotar Usain Bolt foi fruto de sua vontade de vencer. E diz que o confronto Trump x atletas é uma fuga do verdadeiro problema dos americanos
“O homem mais rápido do mundo”. Durante muito tempo, esta expressão queria dizer Usain Bolt. Mas no último Mundial em Londres, Justin Gatlin derrotou aos 35 anos o raio jamaicano. Para o novo homem mais rápido do mundo, a idade não é um empecilho para aumentar as suas conquistas.
Em entrevista ao “Planeta SporTV”, Gatlin – que foi campeão olímpico nos 100 m em Atenas, 2004 – disse que as suas conquistas do passado não representam um peso para futuras medalhas.
“Eu não penso no tempo dessa forma, só penso no tempo do relógio na pista. Quando treino, não penso no tempo entre a primeira vitória que eu tive e agora. Eu penso em continuar, seguir adiante para melhorar na minha carreira. Se conseguir uma medalha de ouro, ótimo”.
Para o americano, a vitória no Mundial representou a sua vontade de vencer. “Usain Bolt fez tanto pelo nosso desporto, a carreira dele foi simplesmente espetacular. Vê-lo tornar-se um herói para todos e eu chegar lá e conseguir derrotá-lo, conseguir superá-lo, é muito bom. É claro que todos queriam que, como num grande conto de fadas, ele terminasse por cima. Mas consegui porque quando entro na pista, eu quero vencer”
O mundo dos desportos nos Estados Unidos passa por um momento de muita turbulência. O presidente Donald Trump não para de despejar uma avalanche de críticas sobre os atletas da NFL e da NBA. Em resposta, diversas manifestações têm tomado conta dos eventos desportivos no país. Para Justin Gatlin, esse “confronto” é uma fuga do real problema que os americanos enfrentam.
“Deslocamo-nos um pouco da nossa narrativa, não é uma questão de ser negro ou branco, mas sobre a injustiça dos americanos e o que os americanos sofrem. Se nos unirmos, vamos mostrar que conseguimos lidar bem com as dificuldades. Então, não é uma questão do Trump, da NFL ou do LeBron. É uma questão de identificar o que é certo e o que é errado. O meu pai serviu mais de 25 anos no exército. Quando eu chego ao pódio, penso no meu pai, penso nas pessoas que sacrificaram as suas vidas para que eu pudesse estar seguro, vir ao exterior. A questão não é sobre o hino, é a honra que temos pela nossa bandeira. Acho que o que temos que fazer é dizer: Nós somos americanos, estamos juntos” –