Tal como José Urbano no setor masculino [ver texto de ontem], Lucrécia Jardim, nos 200 metros, e Teresa Machado, no peso, somam 32 anos como recordistas nacionais de pista coberta. E Lucrécia (tal como Urbano) juntará ainda mais anos… Mas nem Lucrécia nem Carla Sacramento (que já vai em 28 anos como recordista dos 800 m) se ficam por aqui. A velocista já leva 28 anos como recordista de 60 metros e a meio-fundista tem 27 anos de titular nos 1500 m e 18 nos 3000 m. São destas duas atletas, os atuais recordes mais antigos: o dos 800 m vai em 25 anos; os de 60 e 200 m já completaram os 22 anos, tal como o recorde nacional de 400 m, pertença de Carmo Tavares desde 1998. O último recorde de Teresa Machado também durou 22 anos mas foi batido em 2020. Vêm logo a seguir, com 19 anos de vigência, os recordes de 1500 m (Carla Sacramento), 60 m barreiras (Isabel Abrantes) e o antigo recorde de 3000 m marcha de Susana Feitor, batido em 2013 por Ana Cabecinha. Uma curiosidade: todos os recordes das sete corridas do programa oficial de pista coberta têm 18 ou mais anos de vigência; nos concursos, apenas dois superam os 12 anos, ambos de Naide Gomes – os da altura e pentatlo, ambos estabelecidos há 16 anos.
Mas vejamos, nas tabelas seguintes, quais os recordes de pista coberta que duram ou duraram mais tempo e quais as recordistas que mais anos foram titulares, ao estabelecerem vários recordes da mesma disciplina.
OS RECORDES NACIONAIS MAIS DURADOUROS
Anos | Prova | Recordista | Marca/ano | Sucessora | Marca/ano |
25 | 800 m | Carla Sacramento | 2.00,81 (1995) | em vigor | |
22 | 60 m | Lucrécia Jardim | 7,25 (1998) | em vigor | |
22 | 200 m | Lucrécia Jardim | 23,21 (1998) | em vigor | |
22 | 400 m | Carmo Tavares | 52,77 (1998) | em vigor | |
22 | peso | Teresa Machado | 17,26 (1998) | Auriol Dongmo | 18,02 (2020) |
19 | 1500 m | Carla Sacramento | 4.04,11 (2001) | em vigor | |
19 | 60 bar. | Isabel Abrantes | 8,08 (2001) | em vigor | |
19 | 3000 m M | Susana Feitor | 12.21,7 (1994) | Ana Cabecinha | 12.21,56 (2013) |
18 | 3000 m | Carla Sacramento | 8.36,79 (2002) | em vigor | |
17 | triplo | Ana Oliveira | 13,44 (1990) | Susana Costa | 13,49 (2007) |
16 | altura | Naide Gomes | 1,88 (2004) | em vigor | |
16 | pentatlo | Naide Gomes | 4759 (2004) | em vigor |
AS RECORDISTAS NACIONAIS MAIS DURADOURAS
Anos | Prova | Recordista | Marca/ano | Rec.* | Última marca | Sucessora | Marca/ano |
32 | 200 m | Lucrécia Jardim | 24,7m (1988) | 10 | 23,21 (1998) | ainda não tem | |
32 | peso | Teresa Machado | 15,61 (1988) | 13 | 17,26 (1998) | Auriol Dongmo | 18,02 (2020) |
28 | 800 m | Carla Sacramento | 2.02,42 (1992) | 4 | 2.00,81 (1995) | ainda não tem | |
28 | 60 m | Lucrécia Jardim | 7,38 (1992) | 4 | 7,25 (1998) | ainda não tem | |
27 | 1500 m | Carla Sacramento | 4.11,93 (1993) | 7 | 4.04,11 (2001) | ainda não tem | |
26 | 60 bar. | Isabel Abrantes | 8,51 (1994) | 7 | 8,08 (2001) | ainda não tem | |
22 | 400 m | Carmo Tavares | 53,47 (1998) | 2 | 52,77 (1998) | ainda não tem | |
21 | 3000 m M | Susana Feitor | 12.42,1 (1992) | 4 | 12.21,7 (1994) | Ana Cabecinha | 12.21,56 (2013) |
20 | peso | Adília Silvério | 10,83 (1968) | 9 | 15,51 (1975) | Teresa Machado | 15,61 (1988) |
19 | comprim. | Ana Oliveira | 6,13 (1982) | 6 | 6,33 (1990) | Marta Godinho | 6,34 (2001) |
18 | 3000 m | Carla Sacramento | 8.36,79 (2002) | 1 | 8.36,79 (2002) | ainda não tem | |
18 | altura | Naide Gomes | 1,84 (2002) | 4 | 1,88 (2004) | ainda não tem | |
18 | pentatlo | Naide Gomes | 4466 (2002) | 3 | 4759 (2004) | ainda não tem | |
18 | comprim. | Naide Gomes | 6,39 (2002) | 16 | 7,00 (2008) | ainda não tem | |
17 | triplo | Ana Oliveira | 13,44 (1990) | 1 | 13,44 (1990) | Susana Costa | 13,49 (2007) |
* número de recordes que o atleta conseguiu nessa prova Prova a prova, eis os recordes (e suas autoras) mais duradouros:
60 METROS: Recordista desde 1992 (com 7,38), Lucrécia Jardim detém o recorde nacional há já 28 anos, tendo-o melhorado quatro vezes até aos 7,25 que permanecem desde 1998, há 22 anos. A sua antecessora, Virgínia Gomes, deteve o recorde entre 1982 (7,66) e 1992, tendo-o melhorado nada menos de nove vezes até aos 7,41 que permaneceram até Lucrécia Jardim os melhorar. Nos primórdios da pista coberta em Portugal, Fernanda Costa obteve 8,9 (manuais) em 1959 e 8,5 em 1960, recorde que permaneceu até Maria José Sobral melhorar para 7,7 em 1973.
200 METROS: Lucrécia Jardim bateu o seu primeiro recorde (24,7 ainda manuais) em 1988 – repartido com Maria João Lopes, que ganhou a prova com o mesmo tempo – melhorando ambas os 25,03 de Virgínia Gomes em 1984. Lucrécia bateria depois o recorde por nove vezes até aos atuais 23,21, que vigoram desde 1998. É recordista há 32 anos (!) e detém o atual recorde há 22.
400 METROS: já lá vão 22 anos desde que Carmo Tavares bateu os recordes nacionais, com 53,47 e 52,77, no início de 1998. Ela é, de longe, a recordista mais duradoura. Seguem-se-lhe Adélia Paulino, com 64,0 (manuais) em 1968 – durou 10 anos, e Vera Lisa, com 57,7 (duas vezes) em 1979, marca igualada por Conceição Moura no ano seguinte e que vigorou sete anos como recorde.
800 METROS: O atual recorde de Carla Sacramento (2.00,81 em 1995) já vigora há 25 anos, mas a atleta já o batera três vezes anteriormente, sendo recordista desde 1992, há 28 anos! Antes, a mais duradoura fora Conceição Moura, recordista entre 1978 (2.19,2) e 1987 (Rosa Oliveira, 2.11,6).
1500 METROS: Carla Sacramento é recordista desde 1993 (4.11,93) – há 27 anos – e detém o atual recorde (4.04,11), o sétimo que bateu na distância, desde 2001 – há 19 anos. Antes, Filomena Vieira detivera o recorde 13 anos, entre 1974 (4.55,6) e 1987, quando Fátima Ribeiro o melhorou para 4.55,3.
3000 METROS: Carla Sacramento “só” bateu o recorde uma vez, com 8.36,79 em 2002 (pertencia a Fernanda Ribeiro, com 8.39,49 em 1996), mas já o detém há 18 anos. Destaque, anteriormente, para os nove anos em que Aurora Cunha foi recordista, com 9.12,86 em 1982 e 9.10,50 em 1986, marca melhorada por Albertina Dias em 1991 (8.58,49).
60 M BARREIRAS: Já lá vão 26 anos desde que Isabel Abrantes se tornou recordista, com 8,51 em 1994. Melhorou esta marca sete vezes até aos 8,08 que vigoram desde 2001. Antes dela, a recordista mais duradoura fora Ana Oliveira, cujos 8,95 em 1982, melhorados duas vezes em 1985 (8,90) e 1986 (8,73), lhe permitiram deter o recorde ao longo de sete anos, até que Emília Tavares conseguiu 8,61 em 1989.
ALTURA: Naide Gomes já é recordista há 18 anos, desde que conseguiu 1,85 (em 2002), batendo o recorde de Sónia Carvalho (1,84). Naide melhoraria depois para 1,88, marca que vigora há 16 anos. Antes dela, a recordista mais duradoura fora Isabel Branco, que conseguiu 1,76 em 1992 e só viu o recorde derrubado oito anos depois, por Sónia Carvalho (1,77, 1,80 e 1,82 na mesma prova).
VARA: O recorde nacional foi batido ou igualado nada menos de 45 vezes desde a primeira prova, em 1994. Destaque para Elisabete Tavares, que o fez 26 vezes, entre 1998 (3,50) e 2008 (4,40), sendo recordista até 2011 (13 anos), quando a sua irmã Eleonor conseguiu 4,41. Outra irmã, Sandra Helena, chegou a igualar o recorde de Elisabete, em 2002, com 4,00. Ninguém mais se aproxima. A recordista mais duradoura a seguir a Elisabete foi Eleonor, entre 2011 (4,41) e 2016, quando Marta Onofre conseguiu o seu primeiro recorde (4,45).
COMPRIMENTO: A atual recordista, Naide Gomes, conseguiu o seu primeiro máximo nacional em 2002 (há já 18 anos), com 6,39, igualando então a marca de Sandra Turpin um ano antes. Depois, bateu (ou igualou) mais 15 vezes o seu recorde, até aos 7,00 de 2008, ainda em vigor. Mas, antes dela, Ana Oliveira foi recordista mais tempo (19 anos), entre 1982 (6,13) e 2001, depois de melhorar o recorde seis vezes até 6,33 em 1990.
TRIPLO: Ana Oliveira, a primeira recordista (13,44 em 1990), manteve o recorde nada menos de 17 anos, até que Susana Costa, com 13,49, o bateu em 2007. A atual recordista, Patrícia Mamona (14,44 em 2019), é a titular desde 2010, quando conseguiu 13,85, o primeiro dos seus sete recordes nacionais.
PESO: Apenas duas atletas foram recordistas ao longo de 42 anos! Primeiro Adília Silvério, entre 1968 (10,83) e 1988, melhorando entretanto o recorde nacional 9 vezes, até 15,51 em 1975. Depois Teresa Machado, que em 1988 bateu o recorde de Adília Silvério, com 15,61 e depois o melhorou mais 12 vezes até 17,26 em 1998. Em 2020 a naturalizada Auriol Dongmo bateria finalmente esse recorde, que durou 22 anos.
PENTATLO: O atual recorde de Naide Gomes (4759 pontos em 2004) vigora há 16 anos e a atleta é recordista há 18 anos, já que o seu primeiro recorde (4466 p.) data de 2002. São, de longe, o recorde e a recordista com maiores durações. Segue-se o recorde de Sónia Machado (4008 p.) de 1996 (vigorou até 2002), enquanto a atleta, que um ano antes conseguira o primeiro recorde (3895 p. em 1995), foi recordista sete anos (1995-2002).
3000 M MARCHA: Susana Feitor foi recordista ao longo de 21 anos, entre 1992 (12.42,1) e 2013, quando Ana Cabecinha conseguiu 12.21,56. E o seu último recorde (12.21,7 em 1994) vigorou ao longo de 19 anos. A atual recordista, Ana Cabecinha, lidera desde 2013.
Ver Evolução dos recordes nacionais em http://atletismo-estatistica.pt/recordes/evolucao-dos-recordes-nacionais/pista-coberta-f/
Amanhã: Recordes e recordistas jovens de pista coberta mais duradouros