Luís Almeida tem 46 anos de idade e 33 de corrida. É o atual recordista regional de Évora na maratona com 2h27m18s e teve como momento mais alto da sua carreira, a obtenção de uma medalha de bronze por equipas no Mundial de Duatlo em Gyor, Hungria. Além da corrida, faz ciclismo, duatlo e triatlo.
Luís Almeida tem 46 anos e é militar da Armada, atualmente colocado nos Fuzileiros em Vale de Zebro. O desporto faz parte da sua vida desde os 13 anos e como sucede com muitos jovens, começou no futebol. Mas a habilidade não era muita e em Abril desse ano, estreou-se a correr numa prova do 25 de Abril em Vendas Novas, cidade onde ainda reside. Gostou e nunca mais deixou a modalidade.
No início, correu estrada, corta-mato e pista, aqui primeiro em provas entre os 400 e os 1.500 metros, aumentando depois a distância de acordo com a idade.
“Sempre gostei de estar só, mas o treino em grupo rende mais nos treinos específicos”
Luís Almeida tem corrido pelo Estrela de Vendas Novas mas esta época, está inscrito como Individual, situação inédita desde 1985. Uma opção pessoal “para poder fazer o que me apetecer sem ter de dar contas”.
Treina atualmente 5/6 vezes por semana, a maior parte das vezes sozinho. “Sempre gostei de estar só, mas o treino em grupo rende mais nos treinos específicos”.
É ele que elabora os seus planos de treino e reconhece que não lhe é fácil conciliar os treinos com a sua vida profissional e familiar. “Mas com alguma ginástica, faz-se a gestão”.
“De todas as corridas, retiramos coisas boas e que marcam essa data”
Luís Almeida já chegou a participar em cerca de 50 provas por ano mas agora, elas rondam as 25. Não nos consegue dizer qual é a sua corrida preferida porque “de todas elas, retiramos coisas boas e que marcam essa data”.
Já as provas onde menos gostou de participar foram aquelas onde por uma questão física, não conseguiu dar o máximo e até pôde agravar lesões.
Prefere provas com uma distância maior mas quando se sente bem preparado, gosta de correr provas curtas. “Ainda sinto que tenho alguma velocidade de base para a idade”.
Participa em provas de estrada e de trail. Destas, prefere aquelas que não sejam muito técnicas. Quanto às diferenças entre a estrada e o trail, refere que aqui, não se consegue imprimir um ritmo constante e há mais probabilidades de lesões e quedas.
Recordista regional de Évora na maratona
Luís Almeida já correu dez maratonas e é detentor do recorde regional de Évora com 2h27m18s, conseguidos em 2007 em Badajoz, onde foi terceiro. Das dez maratonas, quatro delas foram corridas entre as 2h27m18s e as 2h30m30s.
A sua estreia na distância foi em 2005 em Sevilha com 2h35m. “Foi uma prova muito dura pois estavam quatro graus de temperatura e a chover na hora da partida e durante toda a prova”.
“Eu só pisava uma pista de tartan quando vinha a Lisboa por ocasião das interassociações e nacionais jovens”
Medalha de bronze no Mundial de Duatlo
Luís Almeida não se limita a correr pois também pratica ciclismo, triatlo e duatlo. No ciclismo, representa uma equipa dos Açores, reflexo de lá ter estado a trabalhar. Ganhou então a Taça de S. Miguel num conjunto de sete provas e no ano seguinte, foi segundo.
O Duatlo ofereceu-lhe o momento mais marcante da sua carreira desportiva. Foi quando em 2007, representou a seleção nacional no mundial em Gyor, na Hungria e ganhou a medalha de bronze por equipas.
Diferenças na modalidade em 30 anos
Para o nosso entrevistado, há diferenças bem visíveis entre o atletismo agora praticado e o do seu tempo de jovem. “Hoje, existem muitos mais apoios, melhores condições, muitas provas. Eu só pisava uma pista de tartan quando vinha a Lisboa por ocasião das interassociações e nacionais jovens. Hoje, todos os distritos têm pistas e até mais do que uma”.
“Vida de atleta” nas lesões
Não dispensa os exames médicos de rotina, “todos deveremos fazer, conselho de amigo”. Já foi visitado pelas lesões, algumas graves com duas operações aos dois joelhos e as normais (roturas, contracturas, etc.). “É a vida de atleta!”.
Tem cuidado com a alimentação mas reconhece que já teve mais. “Mas sempre que meto um objetivo na cabeça, concentro-me também nos cuidados com a alimentação”.
Pensa correr enquanto a saúde o deixar e se não estivesse no atletismo, não hesita em escolher o Duatlo como modalidade alternativa, outra das suas paixões.
No mundo das corridas, aprecia particularmente o convívio e a possibilidade de conhecer locais e correr em sítios onde só se pode passar desta forma, a correr/caminhar.
“Quem sabe se não me lanço numa escola de formação de jovens atletas”
Nuvens negras na alta competição
Se no chamado running (provas populares), Luís Almeida considera que “está à vista de todos e com uma pujança enorme”, mostra-se pessimista na alta competição. “É algo que deveria ser repensado ao nível da alta competição pois está mesmo muito fraco ao nível do meio fundo e fundo”.
Sugestões para uma melhor organização das provas
Na sua opinião, as provas têm melhorado muito na vertente organizativa. “Mas existe sempre espaço para melhorias e as grandes provas estão munidas de pessoas competentes e com grande visão sobre o fenómeno e que irão seguramente trazer sempre coisas novas”.
Projetos futuros na modalidade
Luís Almeida tem projetos ligados ao treino dos jovens e vai procurar concluir a formação específica como treinador. “Quem sabe se não me lanço numa escola de formação de jovens atletas”.
Corrida de atletismo ou combate de boxe?
Estórias não faltam a Luís Almeida. Eis uma deliciosa, passada em 1987, numa prova na pista de cross do Jamor onde Carlos Lopes se sagrou campeão mundial. “No aquecimento, tropecei na corda de uma tenda; na partida, um atleta mais alto deu-me com um cotovelo no nariz e no meio da prova, fui novamente ‘ao tapete’. Quando terminei num lugar a rondar o 45º e vou aos bombeiros, perguntaram-me se tinha estado numa prova de atletismo ou num combate de boxe…riso geral mesmo cheio de sangue.”
Mais provas de duatlo, precisa-se!
A terminar, Luís Almeida referiu a falta de mais provas no Duatlo. “Se em Portugal, houvesse um calendário mais preenchido de provas, seguramente que seria a modalidade que mais competiria, gosto da alternância de estímulos. E faço também parte de uma equipa de ciclismo e gosto muito também”.