Se não houvesse a pandemia do coronavírus, Eleanor Whyman-Davis tinha corrido hoje Maratona de Londres, esperançada em obter os mínimos para os Jogos Olímpicos.
Eleanor, de 31 anos, teve de alterar para já os seus planos, uma vez que a tradicional prova foi adiada para 4 de Outubro.
Formada em medicina, a atleta britânica não hesitou em voltar a exercer as funções de médica, enquanto aguarda pelo regresso das competições. Contratada pelo hospital Stepping Hill, em Stockport, ela tem-se desdobrado no dia a dia para salvar pacientes infetados pelo coronavírus.
“Estou a trabalhar mais horas do que normalmente, principalmente nas enfermarias do coronavírus. Tem sido difícil. Já tive dias de partir o coração, mas também há alguns momentos inspiradores. Também há alguns telefonemas difíceis que devo fazer. Mas, para cada telefonema difícil, há um telefonema agradável quando estou a ligar para dizer que o paciente está melhorando e esperamos receber alta dentro de alguns dias” disse a maratonista em entrevista ao The Guardian.
Top 10 entre as maratonistas do Reino Unido, Eleanor classifica como “stressante” o adiamento da Maratona de Londres, que ela considerava a sua grande hipótese para estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Depois de ter feito 2h33m na Maratona de Valência, em Dezembro do ano passado, a britânica almejava estar entre as três melhores maratonistas do país, o que a faz redobrar os cuidados com a saúde neste momento de pandemia.
“Quando estou no hospital, não penso muito nisso, mas no meu dia a dia, há uma grande preocupação porque o coronavírus tem um grande comprometimento respiratório, o que pode prejudicar a minha carreira”, destacou.
Neste domingo, quando acabar o seu turno no hospital, Eleanor pretende participar do Desafio 2.6, que pretende levar o maior número de pessoas possível a sonhar com uma atividade baseada nos números 2.6 ou 26 e arrecadar fundos para instituições de caridade.
Devido à pandemia, o evento tomou grandes proporções entre os desportistas britânicos. A ideia de Eleanor é arrecadar apoios para ajudar uma clínica de tratamento mental para pacientes com baixos rendimentos. “Acho que muitas pessoas terão problemas de saúde mental com tudo o que estamos a passar. Portanto, é uma instituição de caridade com a qual muitas pessoas poderão ter de utilizar num futuro próximo”, finalizou.