Devido ao adiamento dos Jogos Olímpicos, os Estados Unidos marcaram de novo as tradicionais seletivas para Junho de 2021. Mas como a maratona havia sido realizada antes da pandemia do coronavírus, os seis atletas então selecionados passarão mais de um ano divididos entre a certeza de uma vaga e a ansiedade pela concretização do seu sonho.
Aliphine Tuliamuk faz parte desse grupo de seis, pois venceu a seletiva feminina.
Nascida no Quénia, ela ia fazer a sua estreia nos Jogos Olímpicos, pelo país que a acolheu. Num cenário de tantas incertezas, ela sentiu um certo alívio após a divulgação através da imprensa, de que as vagas seriam mantidas mesmo faltando mais de um ano até à realização dos Jogos. No entanto, a falta de confirmação dos dirigentes sobre esta decisão, deixa-a apreensiva.
“Acho que as coisas mudam, mas o que sabemos é que as nossas vagas se mantêm. Se isso não acontecer, eu vou ficar de coração partido. Não sei se algum dia, recuperaria disso. Se os Jogos Olímpicos não acontecerem ou se não pudermos manter as nossas vagas… Você nunca será um atleta olímpico até correr (nos Jogos). Então, seria muito duro”, disse Aliphine.
O adiamento dos Jogos foi em si, um duro golpe para a maratonista. Após dois anos sofrendo com lesões, nos quais, segundo o canal NBC, ela conseguiu recuperar e viver como motorista de um aplicativo e a venda de toucas de crochet, ela estava no auge da sua carreira.
Nas seletivas americanas da maratona feminina, ela detinha a décima melhor marca das 510 inscritas. Mas superou-se e venceu a prova em 2h27m23s, com a mais pequena diferença de sempre da segunda, apenas oito segundos de vantagem. Ao saber que os Jogos de Tóquio tinham sido adiados para 2021, ficou muito abalada.
“Foi definitivamente muito duro. Ainda estou a sofrer um pouco. Agora que a maratona de Berlim foi cancelada, há uma hipótese de que sejam canceladas todas as maratonas. Também li algo em que alguém disse que os Jogos Olímpicos talvez não se realizassem no próximo amo, se o vírus não fosse controlado. Pensando nessas manchetes, é muito difícil. Você trabalha tão duro para alcançar esse sonho, acontece algo fora do seu controle e não há nada que se possa fazer. É duro”.
O único consolo que Aliphine tem no momento é a possibilidade de continuar a treinar livremente na estrada. Moradora de Santa Fé, no estado americano do Novo México, ela consegue manter essa rotina.
“Santa Fé é muito pequena, ainda temos a possibilidade de correr lá fora. Quando vou ao mercado, as pessoas estão com a máscara, é preciso usá-la lá, mas quando estou isolada, não é preciso. Hoje, dirigi-me para uma estrada a cerca de 30 minutos de casa e não havia lá ninguém, eu era a única pessoa a correr. Não há muitas pessoas, então eu ainda posso correr lá fora, sem problemas”.