Quando estamos sem treinar por muito tempo é normal sentirmos uma diferença na nossa condição física, ficarmos menos dispostos e até mesmo, perdermos massa magra e começarmos a ganhar uns quilinhos. Afinal, o que acontece com o nosso corpo quando estamos algum tempo sem treinar?
É muito difícil avaliarmos a quantidade de massa muscular que uma pessoa previamente ativa perde durante um certo período de sedentarismo, já que muitos fatores irão atuar. Primeiro, as características genéticas da pessoa, existem as endomorfas (dificuldade em perder peso), ectomorfas (dificuldade em ganhar peso) e mesomorfas (biotipo intermédio, com facilidade de ganho de massa magra). As ectomorfas perderão mais massa muscular do que os endomorfos e mesomorfos.
A alimentação terá um papel muito importante também, tudo dependerá da quantidade de calorias ingeridas diariamente, do álcool e se a pessoa é tabagista. O stress e quantidade/qualidade do sono também irão interferir no resultado final. O sexo também é importante, visto que homens apresentam entre 15 a 20% a mais de massa magra (músculos) do que as mulheres e, por isso, apresentarão uma perda de peso maior, devido ao maior metabolismo muscular.
Existe memória muscular/celular?
Sim, a memória muscular existe, e não nos referimos apenas às atividades físicas. Um violinista pode ficar algumas semanas sem tocar o seu instrumento. Quando ele voltar, não apresentará a mesma habilidade de quando parou, porém não regressará ao nível em que começou nas suas primeiras aulas. Esse mecanismo envolve não somente a aprendizagem motora, mas também uma memória celular nos músculos.
Células musculares apresentam vários núcleos e estudos recentes mostram que, uma pessoa que pratica musculação, tem o aumento no número de núcleos conforme aumenta a massa muscular. Esses núcleos novos permanecem nas fibras musculares, mesmo após um longo período de sedentarismo.
Esse processo é uma adaptação evolutiva fascinante nos vertebrados, pois eles podem desenvolver a sua musculatura para realizarem tarefas e permanecerem parados por um período de tempo, voltando depois para a mesma força num espaço de tempo menor. Um urso polar precisa de desenvolver a sua musculatura para a caça e durante a hibernação, ele diminui o volume muscular, para consumir menos energia. Quando acaba esse período, ele consegue recuperar a sua massa muscular de uma forma mais rápida.
Estudos publicados no British Journal of Sports Medicine comprovaram que pessoas que realizam atividades aeróbicas constantes, nas quais há considerável aumento da frequência cardíaca, aumentam a perfusão sanguínea no cérebro e o tamanho do hipocampo, região do cérebro responsável pela memória verbal.
Além disso, exercícios constantes aumentam a produção de uma proteína chamada “fator neurotrófico derivado do cérebro” (BDNF), que atua na manutenção da forma do neurónio e na sua sobrevivência, aumentando a capacidade de aprendizagem e memória. Os estudos explicam que a diminuição na produção das BDNF está relacionada com doenças neuro degenerativas.