Até onde?
Com 2,19 aos 19 anos (por três dias não era júnior…) e com 2,20 aos 20 anos, Paulo Conceição, mais um produto da Escola Básica Mestre Domingos Saraiva e do prof. Paulo Barrigana, chegou ao recorde nacional absoluto da altura, pertença de Rafael Gonçalves (2,23 em 2007), no inverno de 2016 (em pista coberta), já então sob orientação de Ana Oliveira, a sua treinadora desde a época anterior.
Ele era já um forte candidato ao recorde. Em dois anos consecutivos conseguiu brilhar no Estádio 1º de Maio, em Lisboa, com aqueles que eram os seus melhores saltos de sempre e foram recordes nacionais sub’23. Mas enquanto em 2013, o ano em que se revelou, progrediu de 2,04 (em 2011) para 2,19 mas os seus melhores saltos seguintes foram de 2,16 e 2,13 (para além dos 2,15 que antecederam o salto-recorde), em 2014 tornou-se bem mais consistente e, para além dos 2,20, passou três vezes 2,16 e outras três 2,15.
Na escola, Paulo Conceição praticava um pouco de tudo, desde ginástica e voleibol a badmington e andebol. Mas era no basquetebol que mais se distinguia e, se não tem enveredado pelo atletismo é possível que hoje se distinguisse a lançar ao cesto. Até que conheceu o prof. Paulo Barrigana e se iniciou no atletismo, praticando também um pouco de tudo e chegando mesmo a destacar-se nas provas combinadas, a ponto de ganhar a final nacional do Atleta Completo enquanto juvenil.
Mas acabou por ser no salto em altura que este jovem, que mede 1,87 m, mais se distinguiu, com uma progressão notável, apenas não confirmada na sua segunda época como júnior: 1,91 em 2009 e 1,98 em 2010, como juvenil; 2,04 em 2011, como júnior; 2,19 em 2013 e 2,20 em 2014, como sub’23 mas, neste caso, com grande progressão nos saltos secundários. Apenas em 2012, devido a um “bloqueio técnico”, não progrediu.
Presente no Europeu de Seleções em 2013 e 2014 e no Europeu sub’23 de 2013 e 2015, Paulo Conceição brilhou especialmente ao ser 2º no Campeonato do Mediterrâneo (sub’23) de 2014. O ano de 2015 não lhe seria tão favorável, embora tivesse mantido os seus títulos de campeão de Portugal e de sub’23. Perdeu para o seu colega de equipa Tiago Pereira o recorde nacional sub’23 e não conseguiu repetir as marcas das duas épocas anteriores, embora saltando 2,18.
Mas a época de 2015/16 começou da melhor forma. Em dezembro, saltou 2,17, igualando o recorde nacional sub’23 de Tiago Pereira. Em janeiro, chegou aos 2,20, marca que igualaria em fevereiro. E no início de março, na mesma prova, passou 2,22, primeiro (já recorde de Portugal de pista coberta) e 2,24 logo a seguir (recorde absoluto). Até onde irá o jovem Paulo Conceição, que concilia o treino com os estudos (mestrado integrado de engenharia informática na Universidade Nova, em Almada)?