Estamos em Setembro mas as temperaturas mantêm-se elevadas, o que não ajuda à prática do exercício físico. Divulgamos seguidamente um artigo de Gustavo Luz, onde para além do calor, é também analisada a questão da humidade.
É um facto fisiológico: temperatura elevada não combina com performance. E não é só o calor que atrapalha as suas corridas nesses dias, a humidade elevada também é um problema. É importante saber quantos graus estará fazendo na hora do seu treino, mais a humidade relativa (UR) do ar que vai influenciar em como se vai sentir. Algo entre 70 e 80%, já pode elevar bastante a sensação térmica.
Os atletas de elite têm o cuidado de observar a temperatura e a humidade do local no dia da prova. De uma maneira geral, algo em torno dos 14 graus com uma UR na casa dos 50%, torna-se um palco interessante para quebra de recordes. Por outro lado, uma temperatura perto dos 30 graus com 70% de UR, já pode fazer com que esses mesmos atletas tenham uma queda de desempenho de 10, às vezes 20%.
Quando o atleta corre, a temperatura do seu corpo sobe naturalmente, e o organismo produz gotas de suor para levar o calor gerado pela atividade para a superfície da pele, e lá, elas evaporam (e elas precisam de evaporar para que o processo seja completado). Entretanto, numa situação de UR elevada, esse processo de evaporação é prejudicado, por isso o atleta tem aquela sensação de que está encharcado em suor. Logo, mais calor permanece nele, tal pode atrapalhar a sua performance se ele não ajustar o seu esforço durante a corrida.
Talvez os iniciados estejam mais vulneráveis a essa situação de stress térmico pela sua pouca experiência. Os mais experientes já erraram a dosagem do ritmo nessas situações e agora já perceberam que a melhor solução é reduzir a intensidade. Vale lembrar que quanto maior for a massa corporal do atleta, mais calor gera o seu corpo. E, com o passar dos anos, o seu corpo tende a tornar-se menos adaptável ao calor.
Por Gustavo Luz, formado em Educação Física, atleta e treinador