Ao correr, consumimos mais oxigénio, o que aumenta a produção de radicais livres. Porém, os melhores antioxidantes não vêm numa garrafa
Aí estão eles, espreitando quando saímos para uma corrida, os malditos radicais livres. Conhecemos muito bem os benefícios da prática do exercício físico regular, mas também sabemos que quando corremos, há um maior consumo de oxigénio nos momentos de maior esforço. Isso aumenta a produção de radicais livres, responsáveis pelo dano oxidativo no tecido muscular, no fígado, no sangue. Um radical livre é qualquer molécula que na sua estrutura atómica apresenta um elétron ímpar na sua órbita externa, o que torna-o muito reativo e instável.
Muito mau, mau … ou não tão mau? Apesar da sua má divulgação e da sua relação com o dano celular e o envelhecimento, os radicais livres são elementos vitais para o nosso corpo, pois fazem parte dos processos básicos da vida, como a diferenciação, proliferação ou limitação do crescimento celular. Eles são necessários, mas a produção de radicais livres ao longo do tempo, pode ter efeitos negativos, pois alteram as membranas celulares e o material genético, causando stresse oxidativo.
Que armas temos para combater o stresse oxidativo?
Os inimigos naturais dos radicais livres são os antioxidantes, que neutralizam os radicais livres e, portanto, limitam os seus efeitos. Existem duas categorias básicas de antioxidantes: exógenos e endógenos.
Os antioxidantes exógenos vêm dos alimentos que comemos (especialmente frutas e vegetais). Milhares de estudos científicos demonstraram que uma dieta rica em antioxidantes, reduz o stresse oxidativo e o risco de desenvolver doenças e condições para as quais contribui.
A publicidade levou-nos a acreditar que os corredores precisam de suplementos antioxidantes para melhorar a saúde e o desempenho atlético. Mas os cientistas concordam que seguir uma dieta rica em frutas e vegetais frescos, grãos, peixes e com baixo teor de gordura, vitaminas ou outros suplementos não são necessários, exceto em determinadas situações específicas, quando orientado por um médico.
Os antioxidantes endógenos são enzimas que o corpo produz para se proteger. Existem até vários estudos que argumentam que não há evidências conclusivas para dizer que o exercício resulta num estado de stresse oxidativo prejudicial, uma vez que o corpo desenvolve as suas próprias defesas (antioxidantes endógenos) para se defender contra os danos oxidativos. Por exemplo, uma sessão de exercício físico realizada em intensidade leve a moderada, demonstrou estimular a atividade de enzimas antioxidantes, o que poderia ser considerado um mecanismo de defesa das células contra o stresse oxidativo. Por isso, o exercício físico de intensidade moderada é considerado, por si só, um agente antioxidante: experimente ioga, Pilates, faça caminhadas.
Mas não apenas os exercícios leves, pois, por outro lado, os exercícios físicos intensos aumentam a concentração plasmática de ácido úrico, que protege os músculos da oxidação pela ação dos radicais livres. Por esse motivo, o ácido úrico pode ser considerado um dos antioxidantes mais importantes no plasma e nos músculos. Então, deve andar de bicicleta, nadar e, acima de tudo, continuar correndo.