Portugal conseguiu um total de 17 medalhas (das quais 7 de ouro) no Campeonato da Europa de Deficientes (paralímpicos), realizado em Berlim, superando anteriores presenças e as presenças do alto rendimento nacional.
Haverá, no entanto, que relativizar um pouco o elevado número de medalhas face à escassa participação (entre 3 e 12 atletas nas provas com portugueses no pódio – média de seis e meio) e ao elevado número de provas (182). Basta recordar que o Europeu de alto rendimento, realizado há dias, também em Berlim, tinha uma média de 30 a 40 concorrentes por prova e estas foram apenas 46 no conjunto dos dois sexos. Relevante, sim, é o 9º lugar no medalheiro, conseguido pela seleção paralímpica, face ao 18º conseguido pela seleção de alto rendimento na pontuação oficiosa com base nos oito primeiros, a que melhor reflete o valor de cada seleção que esteve no Europeu de há dias.
Nas anteriores edições do Europeu, Portugal havia ganho 12 medalhas em Grosseto’2016 (mas apenas uma de ouro) e 10 em Swansea’2014 (uma de ouro). Em 2012 ganhara 9 medalhas, duas das quais de ouro.
Apesar da nítida progressão, o bom rendimento dos atletas paralímpicos nacionais não é de agora e reflete de alguma forma a dedicação de atletas, treinadores e dirigentes e o apoio oficial que têm conseguido e que permite, inclusive, uma elevada participação nas competições internacionais. Portugal teve 23 atletas neste Europeu, número superior a países como a Itália (20), Holanda (18), Dinamarca (13), Finlândia (11) e Noruega (apenas 4!) e não longe da Rep. Checa (27), França (33) e Espanha (34), que no alto rendimento têm representações bem superiores à portuguesa.
Comparando com o Europeu de alto rendimento, verificamos que os países que mais sobem na classificação do “medalheiro” paralímpico são a Finlândia, apenas 30ª no Europeu de alto rendimento e 8ª neste Europeu paralímpico; a Irlanda, de 22ª para 11ª e Portugal, de 18º para 9º. A Letónia não se classificou no Europeu de alto rendimento e foi agora 13ª no medalheiro. Ao invés, as descidas mais pronunciadas são as da Noruega (de 11ª para 25ª), Israel (de 20º para 34º) e Bélgica (de 12ª para 24ª).
Apresentamos a seguir um quadro-resumo das medalhas portuguesas, sendo de salientar o facto de Carina Paim ter batido o recorde da Europa de 400 m e de Cristiano Pereira, Mário Trindade e Carolina Duarte terem batido recordes dos campeonatos. Para além destes, destaque para as duas medalhas de ouro do ainda júnior Sandro Baessa, para as três medalhas (ouro, prata, bronze) de Luís Gonçalves e para as duas de prata de Carolina Duarte.
AS 17 MEDALHAS PORTUGUESAS | ||||
OURO (7) | ||||
T12 | 200 m | Luís Gonçalves | 23,12 | |
T20 | 400 m | Sandro Baessa | 49,6 | |
T20 | 800 m | Sandro Baessa | 1.54,80 | |
T20 | 1500 m | Cristiano Pereira | 3.58,28 | RC |
T52 | 100 m | Mário Trindade | 18,53 | RC |
T13 | 200 m | Carolina Duarte | 56,64 | RC |
T20 | 400 m | Carina Paim | 57,29 | RE |
PRATA (7) | ||||
T12 | 400 m | Luís Gonçalves | 50,33 | |
F40 | peso | Miguel Monteiro | 9,69 | |
T52 | 400 m | Mário Trindade | 68,45 | |
T11 | 1500 m | Odete Fiúza | 5.38,47 | |
T13 | 100 m | Carolina Duarte | 12,59 | |
T13 | 200 m | Carolina Duarte | 25,38 | |
T20 | comp. | Erica Gomes | 5,68 | |
BRONZE (3) | ||||
T12 | 100 m | Luís Gonçalves | 11,61 | |
T20 | 400 m | Carlos Freitas | 52,16 | |
T38 | 400 m | Graça Fernandes | 1.10,37 | |
Notas: RC – recorde dos campeonatos; RE – recorde europeu |
T11 – invisual; T12/13 – baixa visão; T20 – deficiência intelectual; T38 – paralesia cerebral; F40 – baixa estatura; T52 – cadeira de rodas |
Apresentamos ainda um quadro com os recordes mundiais (nada menos de cinco) e europeus (12) pertença de atletas nacionais:
PORTUGUESES COM RECORDES MUNDIAIS E EUROPEUS | ||||
RECORDES MUNDIAIS (5) | ||||
T11 | 4×400 m | Seleção Nacional | 3.27,89 | 1998 |
T38 | 800 m | Graça Fernandes | 2.35,90 | 2001 |
1500 m | Graça Fernandes | 5.28,51 | 2001 | |
T51 | 800 m | Hélder Mestre | 2.30,98 | 2018 |
1500 m | Hélder Mestre | 4.53,50 | 2018 | |
RECORDES EUROPEUS (12) | ||||
T11 | 10000 m | Carlos Ferreira | 33.17,30 | 2004 |
4×400 m | Seleção Nacional | 3.27,89 | 1998 | |
T12 | 400 m | Gabriel Potra | 48,62 | 2002 |
T13 | 5000 m | Odete Fiuza | 19.57,26 | 2004 |
T20 | 400 m | Carina Paim | 57,29 | 2018 |
1500 m | Cristiano Pereira | 3.55,39 | 2017 | |
5000 m | Cristiano Pereira | 14.29,80 | 2017 | |
T38 | 800 m | Graça Fernandes | 2.35,90 | 2001 |
1500 m | Graça Fernandes | 5.28,51 | 2001 | |
T51 | 800 m | Hélder Mestre | 2.30,98 | 2018 |
1500 m | Hélder Mestre | 4.53,50 | 2018 | |
5000 m | Hélder Mestre | 18.14,83 | 2017 | |
1/2 marat. | Hélder Mestre | 1.08.21 | 2017 |
Nota: T11 – invisual; T12/13 – baixa visão; T20 – deficiência intelectual; T38 – paralesia cerebral; T51 – cadeira de rodas |