O técnico Jayme Netto Júnior, que treinou o quarteto que foi medalha de prata na estafeta 4×100 m nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, completa esta época como consultor, o terceiro ano de contrato com o SL Benfica.
Em 2007, Jayme Netto foi convidado, também como consultor, pela Federação Portuguesa de Atletismo, com o objetivo de transmitir os seus conhecimentos e técnicas em relação à estafeta.
A relação foi interrompida em 2009 quando os atletas brasileiros que ele treinava foram apanhados em exames antidoping pelo uso de EPO.
Netto ficou fora das pistas durante sete anos e regressou há três anos ao SL Benfica. Segundo ele, os atletas com quem ele teve contato em 2007 e 2008, quando trabalhou para a federação portuguesa, tornaram-se dirigentes do Benfica. Essa a razão para o convite depois recebido. “Eles gostaram muito do trabalho que eu havia desenvolvido e procuraram-me para fazer isso no clube”.
O trabalho consiste na orientação dos atletas e dos treinadores do SL Benfica. “Falo sobre organização dos treinos, dou consultoria científica, converso com os técnicos”.
Netto chegou até a indicar atletas que foram contratados pelo clube. Um deles é o velocista Ricardo Mário de Souza, que disputou a final dos 4x100m nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O outro é Bruno Spinelli, que conseguiu recentemente mínimos para disputar os Jogos Pan-Americanos deste ano.
Rotina e renovação
Netto já foi convidado para residir em Portugal e trabalhar no Benfica, mas por questões familiares, ele recusou a proposta. Desde então, o clube português assinou um acordo em que o treinador viaja esporadicamente para a Europa. “Fico um mês, volto. Quando o clube tem uma competição importante, eu acompanho. Já cheguei a ficar 40, 60 dias. Depende muito da época, da temporada”.
O técnico não descarta renovar o contrato com o Benfica, mas desde que as consultorias sejam feitas nos atuais moldes, com realização de viagens esporádicas a Portugal.
Reconhecimento
O técnico diz que ser requisitado por um grande clube português lhe satisfaz profissionalmente, o que ameniza, de certa forma, as marcas deixadas pelo caso do doping, há dez anos. E o contato com as pistas é algo que fascina e o motiva, sempre. “Eu tenho 40 anos de história dentro do atletismo. É uma zona de conforto muito boa estar na pista. Estou numa fase muito madura. Eu até tentei ficar fora (dedicando-se apenas à vida académica), mas não consegui. Nas pistas, eu sinto-me realizado”.