A bagagem genética de cada um de nós proporciona uma distribuição percentual de fibras nos músculos do aparelho locomotor. Pode existir equilíbrio ou predomínio de contração lenta ou rápida
Existem características físicas e potencialidades individuais que podemos notar em cada um de nós desde a nossa infância. Nas primeiras aulas de Educação Física na escola, já se encontram crianças que são naturalmente mais rápidas do que outras, enquanto por outro lado, identificamos aquelas que se cansam menos, mostrando melhor capacidade de resistência.
A explicação para estas diferenças, todos sabemos que está na bagagem genética de cada um, e do ponto de vista de qualidades físicas, o sistema neuromuscular justifica muitas dessas diferenças. Nos músculos esqueléticos, encontramos diferentes tipos de células, chamadas fibras musculares. Fundamentalmente existem dois grandes grupos: as células do tipo 1 ou células de contração lenta e as células do tipo 2 ou células de contração rápida.
A bagagem genética de cada um de nós proporciona uma determinada distribuição percentual dessas fibras nos diferentes músculos do nosso aparelho locomotor. Pode existir uma distribuição equilibrada ou um predomínio de um dos tipos de fibras. Quando o predomínio é das células do tipo 1, existe uma predisposição para muito melhor adaptação aos exercícios de resistência, e naturalmente o portador deste perfil tem um potencial para se tornar um atleta de exercícios de longa duração como maratona, ciclismo de longa distância etc.
Entretanto, este perfil torna mais difícil o ganho de massa muscular e de força. Se observarmos os corredores de elite de provas de maratona, que caracterizam os exemplos mais extremos dessa predominância de fibras lentas, podemos perceber a manifestação típica dessas características.
Por outro lado, quando o predomínio é de células do tipo 2, o potencial genético proporciona melhor adaptação para solicitações de velocidade e ganho de força e massa muscular. Esses são os indivíduos geneticamente dotados para desportos de força, potência e velocidade. Entretanto, possuem limitações para tolerar exercícios de resistência, e demonstram dificuldade para se adaptarem às solicitações físicas de longa duração.
Quem tem o perfil do equilíbrio das fibras, pode ter razoável adaptação aos dois tipos de solicitação, entretanto não será nem um grande maratonista, nem um excepcional velocista. O treino pode mudar este perfil? Esta é uma questão ainda controversa na ciência. Apesar de evidências de melhoria em ambas as direções, lutar contra a genética vai ser sempre difícil!