Cláudia Ferreira, lançadora de dardo do Cyclones AC, ainda júnior mas já campeã de Portugal e a sétima nacional de sempre, à beira dos 50 metros (49,85), é filha de um ex-fundista de corridas populares, Domingos Ferreira (que foi sempre seu treinador), e irmã (4 anos mais nova) de um lançador, João Ferreira, atual atleta do Srª Desterro e que, enquanto júnior do Cyclones, chegou a ir ao pódio (3º) do Nacional e lançou o peso de 6 kg a 14,58. Bem cedo os acompanhou aos treinos e, agora, aos 17 anos, tem como objetivo da próxima época estar bem no Europeu de Juniores e bater o recorde nacional da categoria, pertença de Sílvia Cruz, atleta que ela admira e que tem sido de enorme simpatia para com a jovem atleta minhota.
“Desde muito novinha que acompanhava o meu pai e o meu irmão aos treinos e, ainda como benjamim, comecei a entrar em provas de corta-mato e estrada, embora não gostasse”, recorda Cláudia Ferreira. “E quando, tinha eu uns 10 anos, vi o meu irmão treinar lançamentos, comecei a gostar e experimentei também. Na primeira prova que fiz, como infantil, lancei 14 metros e fui última. Mas dois meses depois já estava nos 20 metros e já ganhava…”
O dardo foi sempre a sua prova preferida. “Faço velocidade e barreiras como treino, nunca experimentei martelo mas não acho que goste, disco fiz uma vez ou outra e só do peso, para fazer testes de força, gosto um pouco. O dardo é que é o objetivo…”
Fora do atletismo, tem no futsal um “hobby”. “Na escola joguei muito e cheguei a ser convidada pelo Stª Luzia para jogar como federada. Mas, entretanto, ganhei interesse pelo atletismo e nunca apostei no futsal. Só jogo de vez em quando para me divertir…”
A progressão, época a época, tem sido positiva. Bateu recordes nacionais de infantis (29,90 com o dardo de 400 g), iniciadas (40,38/500 g) e juvenis (50,20/500 g) e, com o engenho de 600 g, melhorou de 42,84 em 2014 para 46,11 em 2015 (ainda juvenil) e para 49,85 em 2016 (júnior de 1º ano), com várias outras marcas a 47/48 metros. Foi ao Mundial de Juniores (27ª com 48,09) e, na ausência de Sílvia Cruz, sagrou-se campeã de Portugal, com 47,80. “Claro que gostaria de ser a sua sucessora. Tenho grande respeito por ela, que tem sido grande amiga.” O pai (e treinador), Domingos Ferreira, acrescenta: “a Sílvia tem sido cinco estrelas para a Cláudia. Conhecemo-la há dois/três anos e ela, que é um ídolo para a minha filha, está sempre atenta ao que ela faz e tem-nos dado bons conselhos.”
O recorde nacional júnior, que Sílvia Cruz detém desde 1999, com 50,81, é, para além de uma boa presença no Europeu de Juniores, o grande objetivo de Cláudia Ferreira para 2017. Quanto ao recorde Portugal (59,76), “é uma marca de alto nível, para se pensar no futuro…”
Cláudia Ferreira, nascida em Andorra (onde o pai trabalhava) mas em Portugal desde os sete meses de idade, vai agora entrar para a Universidade do Porto — engenharia industrial e de gestão — e está convicta de que conseguirá, como até aqui, conciliar treinos e estudos.
“Como sou atleta, poderei escolher o horário e é uma questão de tirar duas horas e meia diárias para o treino”. Entretanto, admite estudar convites de clubes grandes (que já lhe terão sido feitos), embora não se mostre muito virada para os aceitar. “A Câmara de Viana do Castelo e o clube apoiam-me bem nas despesas com deslocações, treinos, material, não sei se valerá a pena…” O pai, Domingos Ferreira, treinador no Cyclones desde a fundação do clube (fundado por Manuela Machado, recorde-se) mas sempre mais virado para a área do meio-fundo, fez questão de realçar o apoio que recebeu, primeiro, de Rui Carvalho, e, mais recentemente, de Raimundo Fernandez, técnico espanhol da Corunha, que lhe foi apresentado pelo técnico nacional de lançamentos, Paulo Reis, e tem sido muito importante na evolução da atleta. “Temos ido regularmente à Corunha e o prof. Raimundo tem-me dado indicações muito úteis para a preparação da Cláudia”, realça. Sobre a filha, o pai faz naturais elogios: “É uma boa filha, muito ambiciosa e determinada, muito competitiva.”