A norte-americana Amanda McGrory é mais um exemplo de que querer é poder. Quando tinha cinco anos, acordou um dia sem conseguir andar. Depois de semanas de visitas a inúmeros hospitais para fazer diversos exames, foi diagnosticada com mielite transversa, uma inflamação na medula espinhal que levou à paralisia das suas pernas.
“Durante meses, eu ia para a cama à noite acreditando que, da mesma forma, eu ia acordar um dia e magicamente voltar a andar. Demorei um pouco para entender que esse não era o caso. E então, decidi simplesmente que ia parar de comer. Aos sete anos, eu pesava 15,8 kg.”
Foi então que os seus pais descobriram o Variety Club oh Philadelphia, um acampamento para crianças com deficiências físicas. Amanda McGory foi encaminhada para o desporto em cadeira de rodas e ganhou uma bolsa de atletismo e basquetebol adaptados, na Universidade de Illinois.
“Mudou a minha vida. Pela primeira vez, fui capaz de interagir com crianças da minha idade com quem eu podia dividir as minhas lutas e frustrações diárias. Isso ajudou-me a ganhar autoconfiança e começar a aceitar a minha situação.”
Amanda McGrory superou-se. Fez uma licenciatura em psicologia, viajou pelo mundo e, atualmente, está fazendo um mestrado em Biblioteconomia e Ciência da Informação. No desporto, voou ainda mais alto, conquistando sete medalhas em Jogos Paraolímpicos (quatro em Pequim 2008/uma de ouro, uma de prata e duas de bronze; e três no Rio de Janeiro 2016, uma de prata e duas de bronze)
No seu currículo, tem ainda uma medalha prata no Mundial de Londres e já venceu mais de 25 maratonas. A próxima será em Nova Iorque, no dia 5 de novembro. E os circuitos com escaladas cronometradas continuam sendo os degraus que a levarão aos seus últimos Jogos Olímpicos, em Tóquio 2020.
Ela intercala a pista de atletismo com exercícios de força, num circuito com escaladas cronometradas, no menor tempo possível: 4 a 30 segundos, com descanso de um ou dois minutos entre uma sessão e outra.
Mas tudo isso, com as mãos. Os pés?! Ficam presos num cabo suspenso! “Já tentou escalar com as mãos, enquanto os seus tornozelos ficam suspensos? Pode parecer fácil, mas prometo, isso magoa”, diz Amanda. “Tecnicamente, é só uma escada adaptada. Mas alguns dos meus colegas mais dramáticos, gostam de chamar de escada para o inferno.”