Como se deve comportar alguém na prática desportiva se tem ou teve algum problema cardiovascular? Exemplo de uma doença frequente, a hipertensão arterial, conhecida, mas desvalorizada pela maioria dos seus portadores. O hipertenso ao praticar desporto, eleva o risco a médio e longo prazo, nada desprezível se a doença não estiver controlada com eficiência.
Os cuidados na preparação de quem corre, pedala, nada, luta e joga futebol
A medicação, correção dos hábitos alimentares com pouco sal, poucas bebidas alcoólicas e exercícios físicos, devem controlar os níveis de pressão para a faixa de 130 x 85, como objetivo a alcançar e a manter. Hoje, sabe-se que os efeitos benéficos para a pressão arterial perduram por várias horas depois dos exercícios aeróbios e de fortalecimento muscular.
Por isso, deve-se sempre descansar após o dia dos exercícios. Quem já teve infarto, fez angioplastia e cirurgia de revascularização por pontes de safena ou implante de mamária, tem que seguir regras obrigatórias para alcançar benefícios com baixo risco dos exercícios físicos, apropriadamente chamada de reabilitação cardiovascular. De início, o seu cardiologista deve orientá-lo para que faça caminhadas leves diárias até 30 dias e ajustando as doses dos medicamentos, se for necessário.
Nos 30 dias seguintes, deve passar para caminhadas mais aceleradas quatro vezes por semana que não devem provocar sintomas. Porém consulte o seu cardiologista para continuar nos 60 dias seguintes. Nesses, aumente para três trotes leves e quatro dias por semana, seja em passadeira rolante, numa pista de atletismo, em ruas sem muita poluição ou à beira-mar.
Cuidado com dicas de saúde e alimentação que prometem milagres
Não se deve esquecer do fortalecimento muscular duas vezes por semana. Se for possível, mantenha o contato com o seu médico se surgirem quaisquer sintomas, mesmo que muito leves. Passados esses primeiros 120 dias após o evento, entramos na reta final de mais 60 dias completando os seis meses necessários para então mudar os rumos da reabilitação cardiovascular e aí já podendo estar liberto para a sua modalidade preferida.
Como é compreensível, é importante ouvir a palavra final do cardiologista clínico que acompanha o paciente. Nunca partir para desportos sem passar por essa cuidadosa preparação chamada de Reabilitação Cardiovascular. O futuro dos pacientes que fizeram e fazem essa programação cuidadosa tem sido espetacular, com diminuição de mais de 30% do risco cardiovascular, com melhoria da qualidade de vida e retorno à vida familiar e profissional. Hoje, existem estudos e regras (diretrizes) que trazem esperança, segurança e saúde para os portadores de doenças cardíacas, até as mais graves.