Numa entrevista ao New York Times, o presidente do COI mostrou-se cauteloso ante a evolução do coronavírus mas já considerou que admite alternativas
Apesar de na passada quarta-feira, o COI ter anunciado que os Jogos Olímpicos se devem disputar na data prevista apesar da pandemia do coronavírus, mantêm-se as dúvidas na organização e também agora, no seu presidente Thomas Bach.
Numa entrevista concedida ao New York Times, Thomas Bach revelou que está analisando diferentes opções ante a evolução da pandemia. “Isto significa que estamos especulando sobre possíveis acontecimentos. Não conhecemos qual será a situação. Claro que estamos considerando vários cenários mas ao contrário de outras organizações desportivas ou ligas profissionais, nós temos ainda quatro meses e meio até aos Jogos. Eles são mais otimistas do que nós porque muitos propuseram o regresso das suas competições em Abril ou finais de Maio. Nós estamos falando de finais de Julho”.
Apesar de tudo, Bach mostrou-se relutante em dar uma data em que tomará uma decisão definitiva sobre os Jogos Olímpicos. “Ninguém sabe o que se passará amanhã, num mês ou em quatro meses. Portanto, não seria responsável de nenhuma forma ao estabelecer uma data neste momento. Há muitos prognósticos diferentes sobre o coronavírus. Uns dizem que seguirá a mesma curva, outros que levará mais tempo e há pessoas que falam de ondas diferentes e que viveremos isto durante muito tempo. Confiamos na nossa equipa e na Organização Mundial de Saúde que nos dizem que é cedo para tomar uma decisão”.
Acerca do impacto das decisões do COI, Bach defendeu que estão atuando de forma responsável. “Em primeiro lugar, queremos proteger a saúde dos desportistas e conter o virús. Em segundo lugar, a nossa decisão não será tomada por interesses financeiros. Os 206 comités e as federações manifestaram que o mundo, numa situação tão difícil, necessita de um símbolo de esperança. Não sabemos quanto durará isto mas gostaríamos que a chama olímpica fosse uma luz ao final do túnel”.
Bach falou ainda da preocupação dos desportistas. “Aconselhamos que se ponham em contato com os seus comités nacionais para que tenham informação em primeira mão como podem treinar respeitando as suas restrições. Temos visto que alguns podem e que outros desportistas são muito criativos na hora de treinar em casa. Recomendamos que os desportistas cumpram as medidas vigentes nos seus países e que consultem os comités nacionais”.
Divisões no Japão
Por sua vez, vai havendo cada vez mais divisões no país organizador, surgindo vozes que pedem um adiamento. Como de Kaori Yamaguchi, medalha de bronze no judo em Seul 1988 e membro do Comité Olímpico do Japão. “Com as notícias que chegam dos Estados Unidos e da Europa, não creio que a situação permita aos desportistas treinarem-se devidamente. O COI está pondo os atletas em perigo”.